Aqui está a minha vida...

... esta areia tão clara com desenhos de andar dedicados ao vento.

Cecília Meiréles

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

31 de Dezembro de 2009





Uma vez mais se constrói
a aérea casa da esperança
nela reluzem alfaias
de sonho e de amor: aliança.

Carlos Drummond de Andrade






Hoje é o último dia do ano. Tanta água passou de baixo desta ponte... tanto que mudou, a minha vida.

Pessoas que partiram, pessoas que desistiram. Castelos de areia construídos, destruídos. Chorei. Mas, tudo passa. E... passou [ou, ainda está a passar].

Pessoas que chegaram. Pessoas que ficaram. Vitórias alcançadas. Sonhos realizados. Alegrias vividas [e, que ainda se estão a viver].

Amanhã é dia de a partir de hoje...

Feliz Ano Novo...

sábado, 26 de dezembro de 2009

A minha princesinha faz dois aninhos!

Parabéns, meu Amor...

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Dia de Natal


Hoje é dia de era bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.

É dia de pensar nos outros— coitadinhos— nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.

Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
Entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locutor
anuncia o melhor dos detergentes.

De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu
e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)

Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante.
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.

Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.

Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores.

A Oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento
e compra— louvado seja o Senhor!— o que nunca tinha pensado comprado.

Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santa
a sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena.

Cada menino
abre um olhinho
na noite incerta
para ver se a aurora
já está desperta.
De manhãzinha,
salta da cama,
corre à cozinha
mesmo em pijama.

Ah!!!!!!!!!!

Na branda macieza
da matutina luz
aguarda-o a surpresa
do Menino Jesus.

Jesus
o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora.

Que alegria
reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas
e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
Tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.

Já está!

E fazia-as erguer para de novo matá-las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papá
fingiam
que caíam
crivados de balas.

Dia de Confraternização Universal,
Dia de Amor, de Paz, de Felicidade,
de Sonhos e Venturas.

É dia de Natal.

Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.

Glória a Deus nas Alturas.


António Gedeão

***

Hoje é Dia de Natal... está na hora de Ser mesmo Natal.

Feliz Natal para todos...

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

No Natal, a minha prenda eu quero que seja...

...uma fonte de chocolate,
uma fonte de chocolate,
uma fonte de chocolate...

domingo, 20 de dezembro de 2009

Hoje é dia de festa...

...parabéns, querido pai (o melhor do mundo, claro)...

Esta fotografia foi tirada este ano, na Costa da Caparica, lembraste? Foi no dia em que fomos fazer aquilo que sempre quiseste: andar no comboio que liga as praias da Costa. Foi dia fantástico, não foi?

Felizmente, temos muitos dias fantásticos para recordar... e muitos outros virão!

Parabéns, meu tão querido papi!

[Estou a torcer para que recebas o presente que tão queres: a vitória do teu Porto... boa sorte!]

sábado, 19 de dezembro de 2009

A Nossa Árvore de Natal

Hoje, eu e o Toni fizemos a nossa árvore de Natal.
Achamos que ficou linda!

E... vocês? O que acham?

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Quero é viver

Vou viver
até quando eu não sei
que me importa o que serei
quero é viver

Amanhã, espero sempre um amanhã
e acredito que será
mais um prazer

e a vida é sempre uma curiosidade
que me desperta com a idade
interessa-me o que está para vir
a vida em mim é sempre uma certeza
que nasce da minha riqueza
do meu prazer em descobrir

encontrar, renovar, vou fugir ou repetir

vou viver,
até quando, eu não sei
que me importa o que serei
quero é viver
amanhã, espero sempre um amanhã
e acredito que será mais um prazer

a vida é sempre uma curiosidade
que me desperta com idade
interessa-me o que está para vir
a vida, em mim é sempre uma certeza
que nasce da minha riqueza
do meu prazer em descobrir

encontrar, renovar vou fugir ou repetir

vou viver
até quando eu não sei
que me importa o que serei
quero é viver,
amanhã, espero sempre um amanhã
e acredito que será mais um prazer

António Variações

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Diz que está uma espécie de frio...

Passando por duas senhoras...

- Hoje está fresquote.
-Está, está...

Frescote??? Frescote??? Como frescote??? E, já agora, o que raio é frescote? Se frescote for sinónimo de frio, não minhas caras senhoras, não está frescote: está um GELO!

Aqui estão as provas!

A caminho do meu trabalho,
ainda na minha rua...


[...que gelo que está lá fora, brbrbrbrbrbrbrbrbr]

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A nossa paróquia fez 200 anos... (II)

Imagem da Nossa Senhora do Amparo
(imagem com 400 anos)

Todos os anos acompanho o meu pai na procissão em honra da Nossa Senhora do Amparo. Este ano, a nossa paróquia celebra o 200º aniversário e a festa foi maior. A cerimónia encheu a igreja e a procissão levava imensa gente.

Claro que tinha que acontecer alguma coisa porque eu sou assim. Se eu podia ter a minha cabecinha no lugar e comportar-me como uma mulher de 36 anos? Poder, podia... mas não seria a mesma coisa.

Nós estávamos no fim do cortejo e eu queria uma fotografia da imagem da santa para o meu papi. Então, resolvi dar a volta ao quarteirão, fartei-me de correr, para fintar aquela multidão imensa. Resultado? Lá conseguir a fotografia, consegui... mas, perdi-me do meu pai.

Fartei-me de andar, à sua procura. Parecia uma barata tonta. Quer dizer, mais uma bruxa, já que estava toda vestida de preto. As pessoas viram-me tantas vezes, quer de um lado do cortejo, quer do outro, que já me olhavam de lado...

O ponto alto foi mesmo quando eu me ia dando um verdadeiro e estrondoso tralho. Sim, tralho é a palavra certa. Como andava de cabeça no ar, entre um Pai-Nosso e uma Avé-Maria, não vi o raio da cratera e... já deu para fazer o filme?

Adiante.

Só a meio do percurso é que encontrei o meu pai. Ele andava à minha procura mas... podia jurar que estavas toda de branco!

Pois... de branco. Gorro branco e casaco comprido branco e luvas brancas. Nem mais, papi, nem mais.

Cheguei a casa por volta da meia-noite. Foi bom estar com o meu pai. Para ele, é muito importante estar presente nestas cerimónias. E eu adoro fazer-lhes estes miminhos.

Mau, mau... foi mesmo a porcaria da rinite. Bolas, já há mesmo muitos anos que não tinha uma crise assim. O meu domingo foi de esquecer.

Já avisei o meu pai: na missa de Natal, vou ficar o mais longe possível do altar, do padre e da sua mania de nos intoxicar com doses maciças de incenso.

domingo, 13 de dezembro de 2009

A nossa paróquia fez 200 anos...

Cerimónia de aniversário, doses maciças de incenso, rinite alérgica como há muito que não tinha (pá, décadas...).

Estou mesmo mal...

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

As crianças são o melhor do mundo...


... ou não.

Eu e o Samuel fomos passear o João ao jardim... e fomos "corridos" a chuva de pedras por dois miúdos instigados por uma terceira.

Idades? Para aí uns treze, não mais que isso.

O Samuel? Ficou a tremer todo...

Eu? Também tremia...

A minha vontade?

Não digo. Seria muito mas mesmo muito politicamente incorrecto.

Mas que crianças são estas?!

[Ainda tentei dizer-lhes que tinha um bebé ao meu lado... mais pedras... lembrei-me dos meus tempos da preparatória... tinha dez anos, era uma menina. De noite, eu rezava. Se Deus tinha parado o mundo para aquela batalha - uma história que tinha ouvido na catequese - também podia fazê-lo parar se eu rezasse muito. Mas, nunca parou. E, todas as manhãs, lá ía eu para a escola, cheia de medo. Um dia, consegui fugir delas - um grupinho de miúdas giras super populares que até andavam na ginástica do Benfica e tudo! - e corri até ao pé dos meus professores e contei-lhes que a M.J. tinha lá ficado, que eles tinham que nos ajudar... mas não quiseram saber... e... eu não tive coragem de voltar... e não há um dia sequer que eu não me lembre que abandonei a minha melhor amiga às mãos daquelas miúdas giras super populares que até andavam na ginástica do Benfica e tudo, sem que me sinta uma imensa vergonha e uma profunda tristeza.]

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Sossega...

Sossega, coração, contudo! Dorme!
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme,
A grande, universal, solente pausa
Antes que tudo em tudo se transforme.
Fernando Pessoa

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Finalmente...





...acabei as limpezas.
A mudança está feita.






[vou deitar-me... amanhã não me acordem...]

domingo, 6 de dezembro de 2009

Viver despenteada

Hoje aprendi que é preciso deixar que a vida
te despenteie.
Por isso decidi aproveitar a vida com mais intensidade…
O mundo é louco, definitivamente louco…
O que é bom, engorda. O que é
lindo, custa caro.
O sol que ilumina o teu rosto, enruga.

E o que é realmente bom nesta vida, despenteia…

- Fazer amor - despenteia.
- Rir às gargalhadas - despenteia.
- Viajar, voar, correr, entrar no mar - despenteia.
- Tirar a roupa - despenteia.
- Beijar a pessoa amada - despenteia.
- Brincar - despenteia.
- Cantar até ficar sem ar - despenteia.
- Dançar até duvidar se foi boa ideia calçar aqueles saltos
gigantes essa noite, deixa seu cabelo irreconhecível…

Então, como sempre, cada vez que nos vejamos eu vou estar com o cabelo despenteado… Mas podes ter certeza que estarei a passar pelo momento mais feliz da minha vida.

É a lei da vida: Vai estar sempre mais despenteada a mulher que decide ir no primeiro carrinho da montanha russa, que aquela que decide não subir.

Pode ser que me sinta tentada a ser uma mulher impecável, toda arrumada por dentro e por fora…

O aviso de páginas amarelas deste mundo exige boa presença:

Penteia o cabelo, põe, tira, compra, corre, emagrece, come coisas saudáveis, caminha direita, fica séria…

E talvez até devesse seguir as instruções, mas…quando me vão dar a ordem para ser feliz? Por acaso não se dão conta que para ficar bonita eu tenho que me sentir bonita???

A pessoa mais bonita que posso ser!

A única coisa que realmente importa é que ao me olhar no espelho, veja a mulher que devo ser.

Por isso, a minha recomendação a todas as mulheres:

Entrega-te, Come coisas boas, beija, abraça, dança, apaixona-te, relaxa, viaja, salta, dorme tarde, acorda cedo, corre, voa, canta, arranja-te para ficares linda, arranja-te para ficares confortável, admira a paisagem, aproveita, e acima de tudo:

Deixa a vida despentear-te!!!!

O pior que pode acontecer é que, rindo em frente ao espelho, precises pentear-te de novo…

#fotografia de henkku
#fonte: encontrei por aí, se alguém conhecer a autoria, agradeço que me digam :)

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O Inverno Chegou!

@

...mais cedo :)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Crianças... ou o Blog da Semana

Aparecem de mansinho, durante a noite, enquanto dormimos. São crianças com botinhas de lã que se passeiam pela casa por horas tardias e não querem acordar os seus pais.

São pequeninas, pelo menos no início. Ouvi dizer que algumas já nascem em nós, mas eu não acredito. Acho que vêm pela calada da noite, sorrateiramente, enfiam-se por debaixo dos lençóis e agarram-se a nós. E cá ficam. Pelo menos até as mandarmos embora.

Mas não depende só de nós. Dizem que elas crescem e que podem perder tamanho, consoante a quantidade de comida (importância) que lhes damos. São alimentadas por mim. E por ti. E por todos que comigo se cruzam.

Aparecem, agarram-se a nós. Por vezes, são alimentadas de tal maneira que perdemos o seu controlo e passamos a ser nós alimentados por elas. Chamam a isto: loucura, insanidade, perda de consciência. Dominam-nos.

Há aquelas que são boas. Há aquelas que são más. É preciso cuidado com a quantidade de comida (importância) que lhes damos.

Ouvi dizer que algumas morrem, e dão lugar a novas crianças, com o mesmo nome, com características semelhantes, mas diferentes. Mesmo aquelas que têm o mesmo nome são diferentes. Elas são sempre diferentes. Não há duas iguais. É, pura e simplesmente, impossível.

Variam consoante tudo. Tudo as transforma. São muito sensíveis, mais do que nós próprios, e mais do que aquilo que queremos que elas sejam. Captam tudo, sem que nos apercebamos, só para mais tarde nos lembrarem (qual dor, ou alegria!). Já deixei algumas morrer. Algumas felizmente. Outras infelizmente. Mas com tudo é assim. Nada permanece igual. Tudo muda. TUDO.

Elas ensinam coisas importantes. Manter o que deve ser mantido. Libertar o que deve ser libertado. E não fazer muitas perguntas. São crianças. Não sabem o que é o mundo. Limitam-se a guiar-nos. E, nós, estúpidos seres humanos sentimentalóides, deixamo-nos guiar, cegamente, por elas.

Ouvimos as suas vozes e sorrimos ou choramos, de uma maneira ou de outra, elas controlam-nos e, nós, estúpidos seres humanos sentimentalóides, deixamo-nos controlar. Paramos sempre para as ouvir. Elas manipulam-nos.

Eu paro e escuto. E o que escuto? Ah...risos! Gargalhadas de crianças (felizes!), e o vento que agita as folhas. Sim, ouço as folhas roçarem umas nas outras emitindo sons que se assemelham ao amachucar do papel. E deixo-as plantar (novamente). Foram elas. Só podem ter sido elas.

Durante a noite, pé ante pé, plantaram. E sussurram aos meus ouvidos palavras indecifráveis que me fazem sorrir. O que dizem elas? Não sei, e nem vou tentar descobrir. Mas, na imensidão de vozes que ouço consigo identificar uma frase. Constante. Uma e outra vez. E outra vez. E sorrio.

***

A Marina escreve de uma forma que nos toca, bem lá no fundo da nossa alma. Hoje sorri... e não resisti: "roubei-lhe" sorrateiramente este texto do seu blog unthought known e trouxe-lo para aqui.

Obrigada, Marina.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Té...


...té...

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Dois anos de Dieta sem Amido

Hoje faz dois anos que comecei o meu caminho. Um novo caminho. O início da minha nova vida.

Da dieta, pouco ou nada sabia: que resultados teria, se funcionaria, se me faria mal retirar uma parte bastante significativa de hidratos de carbono da minha alimentação, onde iria buscar forças se doía tanto viver.

Mas... tudo isso... que me importava? Que interesse teria saber tudo isso?

Acabar com a dor. Isso, sim. Era tudo o que eu queria. E fui atrás... e consegui.

Se foi fácil?

Difícil era viver vinte e quatro horas sob vinte e quatro deitada com dores atrozes. Difícil era depender da minha mãe para me dar banho. Difícil era querer gritar e abafar o meu grito para que ninguém me ouvisse.

A EA estava tão avançada: "invulgarmente avançada, tendo em conta a sua idade e o facto de ser mulher", dizia o meu reumatologista.

Difícil era Viver.

Fácil, foi muito fácil. A dieta.

Eu fiz. Sei quem fez. Eu consegui... muitos conseguiram.

Está na vossa mão...

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

...sou gaivota e fui sereia...


...corri pela margem
até à beira do mar
até que te vi num castelo de areia
cantavas "sou gaivota e fui sereia"
ri-me de ti "então porque não voas?"
e então tu olhaste
depois sorriste
abriste a janela e voaste...

Sérgio Godinho


Hoje, a minha mana de coração faz aninhos! Muitos porque já está a ficar velha... quase trinta!!!

Parabéns! Que a vida te continue a sorrir!

terça-feira, 24 de novembro de 2009

A arte de ser feliz

Houve um tempo em que a minha janela se abria para um chalé. Na ponta do chalé brilhava um grande ovo de louça azul. Nesse ovo costumava pousar um pombo branco. Ora, nos dias límpidos, quando o céu ficava da mesma cor do ovo de louça, o pombo parecia pousado no ar. Eu era criança, achava essa ilusão maravilhosa e sentia-me completamente feliz.

Houve um tempo em que a minha janela dava para um canal. No canal oscilava um barco. Um barco carregado de flores. Para onde iam aquelas flores? Quem as comprava? Em que jarra, em que sala, diante de quem brilhariam, na sua breve existência? E que mãos as tinham criado? E que pessoas iam sorrir de alegria ao recebê-las? Eu não era mais criança, porém a minha alma ficava completamente feliz.

Houve um tempo em que minha janela se abria para um terreiro, onde uma vasta mangueira alargava sua copa redonda. À sombra da árvore, numa esteira, passava quase todo o dia sentada uma mulher, cercada de crianças. E contava histórias. Eu não podia ouvir, da altura da janela; e mesmo que a ouvisse, não a entenderia, porque isso foi muito longe, num idioma difícil. Mas as crianças tinham tal expressão no rosto, a às vezes faziam com as mãos arabescos tão compreensíveis, que eu participava do auditório, imaginava os assuntos e suas peripécias e me sentia completamente feliz.

Houve um tempo em que a minha janela se abria sobre uma cidade que parecia feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre homem com um balde e em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma regra: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.

Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.


Cecília Meiréles

Num comentário ao meu último post, um querido amigo, o Miguel, deu-me a conhecer um trecho deste belíssimo texto de uma das minhas autoras de eleição. Eu adoro Cecília (creio que todos sabem disso), mas não conhecia A Arte de Ser Feliz.

Aqui deixo o texto na sua íntegra. É, simplesmente, fabuloso... obrigada, Miguel.

sábado, 21 de novembro de 2009

Da mais alta janela da minha casa

[fotografia tirada da janela do meu quarto]

Da mais alta janela da minha casa
Com um lenço branco digo adeus
Aos meus versos que partem para a Humanidade.

E não estou alegre nem triste.
Esse é o destino dos versos.
Escrevi-os e devo mostrá-los a todos
Porque não posso fazer o contrário
Como a flor não pode esconder a cor,
Nem o rio esconder que corre,
Nem a árvore esconder que dá fruto.

Ei-los que vão já longe como que na diligência
E eu sem querer sinto pena
Como uma dor no corpo.

Quem sabe quem os terá?
Quem sabe a que mãos irão?

Flor, colheu-me o meu destino para os olhos.
Árvore, arrancaram-me os frutos para as bocas.
Rio, o destino da minha água era não ficar em mim.
Submeto-me e sinto-me quase alegre,
Quase alegre como quem se cansa de estar triste.

Ide, ide de mim!
Passa a árvore e fica dispersa pela Natureza.
Murcha a flor e o seu pó dura sempre.
Corre o rio e entra no mar e a sua água é sempre a que foi sua.

Passo e fico, como o Universo.

Fernando Pessoa


[Hoje olhei, pela última vez, pela janela do meu quarto. Despedi-me da Primavera, da Assunção, da Jane e do Joe, da Luna e da Nina, lindos elefantes que me fizeram companhia ao longo deste último ano e meio. Aprendi tanto com eles... aprendi que seres enormes, com uma força bruta conseguem ser tão ternos quando ensinam as suas crias. Aprendi que quando um deles está frágil todos se juntam e ali ficam, como se em prece pelo seu ente querido que sofre. Aprendi que há horas para brincar, horas para aprender, horas para Ser.

Despedi-me, ainda, de todos os outros animais que conseguia ver da janela do meu quarto: dos leões, das girafas, dos lemúres, dos flamingos e dos hipopótamos. E, despedi-me também de todos os outros (aqueles que não conseguia ver da janela do meu quarto, mas que sei que estão lá, porque eram eles que me davam os bons dias, as boas noites, que me animavam com os seus cânticos...

Um dia destes, quando as fotografias já não forem suficientes para acalmarem a minha saudade, irei visitar esta grande família que, durante este tempo todo, fez parte da minha família (e estará sempre dentro do meu coração).]

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Só me apetecia ficar...







...deitadinha na cama quentinha, com o meu pijama de lã polar, bem enrroladinha no edredon de penas...








[Estou tão cansada...]

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Tu és o meu bebé


Se tu fosses um peixinho
Não te tirava do mar,

Nada, nada, nada...
Nada, nada, nada...

Se tu fosses um passarinho
Tirava-te da gaiola,

Voa, voa, voa...
Voa, voa, voa...

Se tu fosses uma estrela
Ia ter contigo ao céu

Brilha, brilha, brilha...
Brilha, brilha, brilha...

Mas tu és eu e eu sou tu
E vamos fazer ó-ó, ó-ó...

Dorme, dorme, dorme...
Dorme, dorme, dorme...

E agora somos um só
E vamos fazer ó-ó, ó-ó...

Dorme, dorme, dorme...
Dorme, dorme, dorme...

domingo, 15 de novembro de 2009

Estou...

...podre.

sábado, 14 de novembro de 2009

Uma Aventura... depois do IKEA






Foram precisos...









...três marmelos...




...para montar um armário...

...igual àquele que eu montei esta manhã, totalmente sozinha.

[depois dizem que a culpa é do IKEA: ah, e tal, porque quase que é preciso ir à mata, serrar a árvore, cortar a madeira e tal... marmelos!]

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Amanhã...


...faz uma semana que estamos na nossa casa. Está tudo a correr muito bem. Consegui arrumar quase tudo, graças à minha mãe: ela tem ficado com os pitocos, durante as tardes. Assim, com as tardes livres, foi-me bastante mais fácil arrumar e organizar tudo. O meu pai também ajudou muito: nas mudanças, nos pequenos arranjos aqui e ali, em tudo e em mais alguma coisa. Obrigada, Mãe e Pai! Sem vocês não teríamos conseguido!

Amanhã é sábado... estou tão, mas tão cansada... amanhã, tenho mesmo que me obrigar a descansar. Emagreci imenso, nestas duas semanas, sinto-me exausta e cheia de dores.

Mas... estou muito feliz, com a nossa casinha.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Isto é...

...surreal.
A minha cozinha estava toda assim...

Qual vaporizador, qual quê! Teve que ser com um daqueles produtos ultra XPTOZ (que além de limpar muito bem, intoxica ao ponto de matar uma pessoa com um ataque de asma) e muita força de braços.

A minha pergunta mantém-se, um pouco mais reforçada dada à frustração com que eu fiquei: como é que alguém entrega uma casa assim???

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Mudanças...





...propriamente ditas.






Este fim-de-semana foi... muito, mas mesmo muito cansativo. Na manhã de sábado terminei de empacotar as últimas caixas e fui pondo tudo em ordem para que quando a empresa de mudanças chegasse o serviço estivesse encaminhado.

Tivemos muita sorte com a empresa que contratámos. Excelente serviço: rápido e eficaz. Tal como eu gosto.

Foi uma tarde em cheio. Eu, o Toni e o meu pai também ajudámos na mudança. Subimos e descemos as escadas dos prédios vezes sem conta. Mas, no fim do dia, valeu a pena.

No domingo, foi dia de arrumações. Graças ao meu método, está a ser muito fácil arrumar tudo. Ainda falta tanto... mas prefiro fazer tudo com calma para que tudo fique arrumado e organizado como deve ser.

Ainda deixei muita coisa para fazer na outra casa, mas tenho até ao fim do mês para arrumar o que falta e limpar tudo bem limpo. Vou ver se consigo fazê-lo pelo menos até o dia 20. Gostaria de entregar a casa mais cedo para que a família que se vai mudar para lá, não ter que fazer tudo às pressas.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Blog da Semana

Só te peço 5 minutos

Fê-Blue Bird (d)escreve com sentimento. A vida tal como ela. Se alegre, pinta-la com tons de Verão.

Mas, se triste, não pinta a vida com tons de inverno. Lutadora, procura pintar esses dias com tons de Outono. Tons quentes, como o seu coração. Para que esses dias, ainda que tristes, não entristeçam quem a lê.

Dá-nos força para avançar... por isso, uma leitura recomendada. Todos os dias... ainda que só por cinco minutos.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Por de trás da magnólia


Exaltado aroma perdido na folhagem verde escura, envernizada.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Uma Aventura...


...no IKEA.

Ontem foi um dia digno de ser descrito pela Isabel Alçada e ilustrado pela Ana Maria Magalhães.

Eu não gosto de ir ao IKEA, é mesmo muito raro ir lá. Arranjo sempre alguém que vá por mim. O meu problema não com o IKEA em si... é com o espaço. Este tipo de "lojas" dão-me nos nervos. Com o El Corte Inglés passa-se o mesmo.

Crises de pânico. Fizeram parte do "pacote" do esgotamento que tive há mais de 8 anos. A coisa já está controlada há muito. Consigo estar em cinemas, centros comerciais - bem, desde que estejam vazios e durante pouco tempo... mas o que interessa consigo.

Excepto em dois locais acima referidos. Nada de IKEA nem de El Corte Inglés. Não dá, mesmo que queira muito. A coisa é mais forte que eu.

Mas... ontem, lá teve que ser. Porque há dois anos atrás, quando comprei a minha mobília de quarto, não comprei o roupeiro (a casa tinha um incorporado). Então, lá fui eu e o meu pai. Dois tontos que têm a cabeça só para usar o cabelo (no caso do meu pai, é mais para usar meia dúzia de pelitos e o chapéu em dias de sol).

Antes de entramos deixei as devidas instruções ao meu pai (ah, pois é: eu tenho crises de parvoíçe, quero dizer, de pânico e o meu pai é que me atura, o coitado). Se nos perdermos, encontramo-nos aqui...

Seguindo as setinhas, lá fui encontrando o que queria (eu levava a minha listinha... que eu sou esperta!). Era pouca coisa. Depois, toca a ir ao armazém para buscar o roupeiro e, já lá estavamos, mais duas parteleiras que estavam em promoção (eu adoro esta palavra).

Fui ao monitor de busca, escrevi os códigos e e lá encontrei os respectivos corredores e secções. Excepto, do mais importante: o raio do roupeiro. Mais uma fila... Boa tarde, desculpe, mas eu preciso da sua ajuda...

Simpaticamente, o empregado explicou-me que aquilo a que eu chamava de roupeiro era somente uma estrutura. Ou seja, só vinham as portas e as tábuas de base, do topo e as laterais. Desculpe, não estou a entender... opá, eu não sou assim tão burra que não entenda algo tão simples como o que o moço me explicou. O que acontece é que eu estava aterrorizada por estar ali e, simplesmente, não conseguia sequer raciocinar.

Então, é assim mesmo. Compram-se as portas. As tábuas laterais, do topo e da base. Depois, em várias outras compras, constrói-se o resto, à medida e gosto do freguês.

Quê???? Eu vou pagar isto tudo por meia dúzia de tábuas e depois ainda tenho que cá vir outra vez para comprar outras tantas tábuas? E o varão? Pelo menos traz um varão?

Não. É só mesmo uma estrutura.

Isto só comigo... Muito obrigada pela sua ajuda, eu vou ver como irei fazer isto.

Ok... plano B. Sim... eu tinha um plano B... eu tenho sempre um plano B.

Havia um outro roupeiro que eu vi no catálogo. Mas como é muito estreito, teve que ser dois. Claro está que perguntei se era mesmo um roupeiro: com varão, gavetas... etc.

Depois de muito esforço porque a porcaria das caixas eram pesadas como tudo, lá fomos pagar. Estavamos cansados, o meu pai estava cheio de dores nas pernas e eu já nem conseguia estar de pé. E o que é que estas duas cabeçinhas pensadoras se lembraram? De quê?

Ou melhor... do que não se lembraram!!!!

Que as caixas não iam caber no carro... mas, nem nos lembramos que existia o raio do serviço de entregas. Por causa da cabeça que só dá para estar em cima dos ombros e pouco mais.

E pronto! Foi o drama, ou melhor, a comédia meter tudo no carro. O desgraçado do meu pai é que teve que fazer a força toda que eu cá com o meu metro e quarenta e oito de altura e 41 kilos de peso pouco consegui ajudar...

E... ninguém se lembrou do maldito serviço de entregas...

Bem se tentou meter tudo lá para dentro... para ter que se tirar de novo: a porta não fechava. Lá tive eu que ficar mais de uma hora e meia, no IKEA, sozinha com uma caixa enorme, à espera que o meu pai fosse até casa, esperasse o Toni chegar do trabalho... carregar com as ditas e voltar para me buscar. Mais a caixa que faltava, claro.

E assim foi. Portei-me muito bem, diga-se. Estava tão preocupada com o meu pai que me esqueci onde estava. Nada de crises ou meias crises...

Hora e meia depois... o meu pai chega: outro drama, mas mais pequeno. Meter a outra caixa no carro. Lá conseguimos e fomos para casa. Não assim tão rápido, claro que tínhamos de apanhar com uma fila de trânsito que não lembra a ninguém!

Quando chegámos, carregamos a caixa até ao hall do prédio, onde estavam as outras caixas. O pobre do Toni e o desgraçado do meu pai, lá levaram muito a custo a primeira caixa.

Eu, aflita por não poder ajudar... até que tive uma ideia - brilhante, diga-se, que eu cá quando penso sou um ás, só é pena é que não pense mais vezes: abrimos as caixas, lá embaixo, e tráz-se peça a peça.

Pronto. Já está! Viva Palminhas!!!!

Arghhhhhh!!!! Ainda tenho que fazer o jantar!!!!!!!!

E estava tão cansada... aquelas caixas eram mesmo pesadas.

Hoje... estou toda partida... dói-me tudo o que é músculo neste meu corpinho minúsculo. Quero ir dormir....

[e o meu pitoco gordo pesa só 16 kilos e meio... alguém me arranja um guindaste?]

domingo, 1 de novembro de 2009

Dói-me o passado...

Está quase tudo empacotado, pronto para o dia da mudança. Deixei, porém, duas gavetas para o fim...

Estas duas gavetas estão sempre fechadas. Nunca lá vou... a última vez em que as abri foi há mais de ano e meio, quando me mudei para aqui.

Quando abri as gavetas... cartas, fotografias, objectos... memórias, na sua maioria, dolorosas. Amigos que partiram, objectos especiais que se esqueceram, momentos perdidos na memória... lá longe.

As lágrimas escorreram pelo meu rosto. Saudade... como eu sinto falta destes amigos, destes momentos... como dói tudo isto...

Ficou tudo guardado numa caixa. Fechada. Depois, no dia das mudanças, irão novamente para uma gaveta que se fechará também. E tudo ficará como tem que estar. Fechado. Durante muito tempo... até...

sábado, 31 de outubro de 2009

Estou a dar...

...em maluca.

[arghhhhhhhhh, tanta caixa, tanto pandeiro... arghhhhhhhh]

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A minha muito querida amiga Fê contou-me um...


@

...segredo

Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho,
Tem lá dentro um passarinho
Novo.

Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar...

Miguel Torga

Obrigada amiga... por tudo...

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Keys over Hands...

Já temos as chaves da nossa casa!

Não foi fácil: procurar, escolher, visitar... e voltar a procurar! Mas, valeu a pena! Porque a nossa casa nova é linda!

A rubrica Da Janela do meu Quarto vai desaparecer, é verdade... vou ter saudades dos nossos vizinhos trombudos, dos leões ao sol, dos hipopótamos de boca aberta, das girafas sempre a pedir comida aos visitantes, dos lemúres saltitantes e da magnífica dança dos flamingos. Mas terei sempre as fotografias e os vídeos que fiz. E posso sempre fazer uma visitinha...

Agora... toca a continuar a desarrumar e empacotar o que falta... Novembro vai ser um mês daqueles e eu estou desejosa que ele chegue!!!

Este Natal vai ter um sabor diferente :)

domingo, 25 de outubro de 2009

From My Bedroom Window



A Assunção adora poças de lama e brinca, brinca... ela está sozinha mas em breve a Primavera irá juntar-se a ela.

Este é o meu primeiro vídeo... está muito - mas muito mesmo - tremido e desfocado mas penso que vale a pena ver e ouvir.

Isto é o que eu vejo da janela do meu quarto...

sábado, 24 de outubro de 2009

Uff... ando super atarefada... muito mesmo... mas tanto que nem vos conto... pufff...

...e não vos digo porquê!!!

[mas a Fê sabe...]

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Luna #2

Uhm... palavras, para quê?

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Casa Perdida no Tempo

[vista das Forcadas - Cheires]

Levaram as grades da varanda
Por onde a casa se avistava.
As grades de prata.

Levaram a sombra dos limoeiros
Por onde rodavam arcos de música
E formigas ruivas.

Levaram a casa de telhado verde
Com suas grutas de conchas
E vidraças de flores foscas.

Levaram a dama e o seu velho piano
Que tocava, tocava, tocava
A pálida sonata.

Levaram as pálpebras dos antigos sonhos,
Deixaram somente a memória
E as lágrimas de agora.


Cecília Meireles

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Fazes muito mais...

Há qualquer coisa de leve na tua mão,
Qualquer coisa que aquece o coração.
Há qualquer coisa quente quando estás,
Qualquer coisa que prende e nos desfaz.


E...
Fazes muito mais que o sol.
Fazes muito mais que o sol.
Fazes muito mais que o sol.
Fazes muito mais...


A forma dos teus braços sobre os meus,
O tempo dos meus olhos sobre os teus.
Desço nos teus ombros p'ra provar
Tudo o que pediste p'ra levar.


E...
Fazes muito mais que o sol.
Fazes muito mais que o sol.
Fazes muito mais que o sol.
Fazes muito mais...

Tens os raios fortes a queimar
Todo o gelo frio que construí.
Entras no meu sangue devagar
E eu a transbordar dentro de ti.

Tens os raios brancos como um rio,
Sou quem sai do escuro p'ra te ver,
Tens os raios puros no luar,
Sou quem grita fundo para te ter.

E...
Fazes muito mais que o sol.
Fazes muito mais que o sol.
Fazes muito mais que o sol.
Fazes muito mais...


Quero ver as cores que tu vês
P'ra saber a dança que tu és.
Quero ser do vento que te faz,
Quero ser do espaço onde estás.

Deixa ser tão leve a tua mão,
Para ser tão simples a canção.
Deixa ser das flores o respirar
Para ser mais fácil te encontrar.


E...
Fazes muito mais que o sol.
Fazes muito mais que o sol.
Fazes muito mais que o sol.
Fazes muito mais...

Vem quebrar o medo, vem
Saber se há depois
E sentir que somos dois,
Mas que juntos somos mais.

Quero ser razão para seres maior.
Quero te oferecer o meu melhor.
Quero ser razão para seres maior.
Quero te oferecer o meu melhor.


E...
Fazes muito mais que o sol.
Fazes muito mais que o sol.
Fazes muito mais que o sol.
Fazes muito mais...

Tiago Bettencourt
Canção Simples

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Pés no chão...

...cabeça nas nuvens...

sou céu

sou sol

sou vento
sou eu
solta
no

f
i
r
m
a
m
e
n
t
o

domingo, 18 de outubro de 2009

Lembram-se do famoso Trigo de Favaios? - Parte II

Além do famoso Trigo de Favaios, a minha mãe comprou um Bolo de Carne de Sanfins do Douro, também famoso, claro - que eu cá sou muito fina e só gosto de coisinhas muito boas. E, como se isto tudo não bastasse... uma Torta de Chocolate com Recheio de Baunilha da Dan Cake - opá, eu adoro tudo que venha da Dan Cake...

O que é que a boa da Susana fez, o que foi????

Nada. Quer dizer... cheirei, tirei fotos ao famoso Trigo de Favaios... e mais nada.

[linda menina que aprendeu a lição... vale mais tarde que nunca!!!]

Mas esta noite foi uma noite para esquecer: como se não bastasse a gripe que o menino K. me pegou... uma crise daquelas de EA!

Porquê? PORQUÊ???

Porque o meu Toni fez-me uma fórmula para eu tomar e eu tomei sem fazer o teste do iodo. Quem é que iria pensar de folhas de urtiga e pétalas de rosa poderiam ter amido???

Mas tinham.

Hoje, de manhã, resolvemos fazer o teste et voilá amido!

Ora... e eu que até me portei tão bem... não caí em tentação: não comi o famoso Trigo de Favaios, não toquei no não menos famoso Bolo de Carne de Sanfins, não me lambuzei na Torta de Chocolate com Recheio de Baunilha da Dan Cake...

Valeu a pena? VALEU???

Estou ranhosa, cheia de dores... e com fome. E muito p* da vida!!!

Unnnfffff....

sábado, 17 de outubro de 2009

Lembram-se do famoso...






...Trigo
de
Favaios?






[hoje, dia 17 de Outubro, 16horas, Trigo de Favaios na cozinha da minha mãe]

aarrgggghhhhh*

Os meus pais estão de volta, finalmente. Tudo correu pelo melhor, tudo ficou tratado. As partilhas estão feitas. Ficou tudo dividido: as terras, as casas, os bens... as pessoas.

As partilhas não deveriam ser assim. As "coisas" devem ser repartidas pelos herdeiros, claro que sim. Mas, só as "coisas". As pessoas não deveriam fazer parte dos bens a "partir"... mas, assim é.

Eu e a minha irmã já fizemos uma promessa: isto tudo que aconteceu jamais se irá passar connosco. Porque dividir coisas que, outrora, pertenceram a quem mais amámos deve doer demasiado... não precisamos de mais dor com querelas estúpidas e vinganças mesquinhas.

Os meus pais voltaram hoje. Uma semana inteira lá longe, onde a natureza ainda adormece tranquila à hora da sesta. Eu regressei a minha casa. Já estava com saudades, confesso.

Estou cansada. Foram duas semanas intensas, complicadas, com muito trabalho.

Agora, vou fazer o meu jantar. A garganta está a doer-me bastante... acho que um dos meus meninos me pegou a gripe. Pode ser que não... vou fazer o jantar e vou-me deitar.


*não, desta vez, não comi o famoso Trigo de Favaios...

domingo, 11 de outubro de 2009

Ritinha...

sábado, 10 de outubro de 2009

...a caminho do mar...

Caminhos do mar
Que ao romper da alva
Desenhavam belos versos na lava
Onde o azul e esverdeado viram estrelar

Caminhos do mar
Caminhos raros e montanhosos
Caminhos profundos e ranhosos
Onde escravos nas caravelas haviam recusado

Caminhos dos sóis inconfundíveis
E reluzentes nos duros nós
À bordo, que antigamente sem voz
Os gritos dos negros eram inaudíveis...

Caminhos do mar
Caminhos dos azuis dos céus
E dos exóticos sonhos seus
Que agora os terei de amar

Caminhos do mar
Caminhos onde meu âmago
Trilhou e perdurou do amargo
Vindo dos famintos à pescar

Caminhos dos mares
Que aos humílimos pescadores
Iluminou e dos peixes ansiados de horrores
Como dos pobres de cobres quiseram azares

Caminhos do mar
Caminhos da luta à certeza
Caminhos da gentileza
Caminhos para então se amar

Caminhos do mar
Caminhos dos flamingos
Caminhos dos saborosos figos
Caminhos dos amigos do amor

Caminhos do mar
Caminhos das Acácias Rubras
Em cujas praias sem sombras
Soltavam-se letras no meu pensar...

Joséhonório

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Conservatórias, Repartições de Finanças... e afins

Ontem tive uma manhã daquelas. Fez dois meses que a minha avó paterna faleceu e há que tratar de muita coisa: participação de óbito às finanças, habilitação de herdeiros e não sei quantas coisitas mais.

Comecei por telefonar ao advogado que está a tratar das partilhas dos meus avós maternos. A Dona O. é uma querida: deu-me o o número de telefone da Conservatória de Alijó e o nome do senhor que trata dessas coisas.

Telefono para a Conservatória de Alijó:

- Estou sim, muito bom dia! O meu nome é Susana Lopes e estou a telefonar porque a minha avó paterna faleceu. O meu pai é o herdeiro "cabeça de casal" mas está aqui em Lisboa. Posso marcar habilitação de herdeiros por telefone?

- Não. Nós não marcamos nada por telefone. Tem que se deslocar pessoalmente e trazer a certidão de óbito da pessoa falecida e as certidões de nascimento dos herdeiros. E aviso já que não não tenho ideia para quando se pode marcar a habilitação. Estamos em formação... pode demorar uns dias, semanas...


- Compreendo, mas os meus pais não poderão faltar tantos dias ao trabalho... não podemos mesmo fazer a marcação agora que eu envio-lhe os documentos necessários por e-mail ou fax?


- Não.


Bonito. Telefono, novamente, para a Dona O. O que acha da Conservatória de Sabrosa? Sim, posso tentar.

Telefono para a Conservatória de Sabrosa:

- Muito bom dia! O meu nome é Susana Lopes e estou a telefonar porque estou com um problema e não sei se poderá ajudar: a minha avó paterna faleceu. O meu pai é o herdeiro "cabeça de casal" mas está aqui em Lisboa. Posso marcar habilitação de herdeiros por telefone?

- Deixe-me falar com os meus colegas.

...


- Pode, sim senhora. Preciso que me faculte alguns dados...


...dados facultados...


- Não precisa de trazer documento nenhum. Já tenho aqui as certidões que precisamos, dos herdeiros e da sua avó. Podemos marcar para segunda-feira?

Até aqui estava tudo a correr bem...

-Olhe que a sua avó já faleceu há 60 dias, cuidado que já vai pagar multa nas finanças.

O meu pai telefona para o meu tio para avisa-lo que a funerária se tinha enganado: não tinham 9o dias para participar o óbito às finanças mas 60. Eis que salta de lá... quem??? A minha tia tira o telefone das mãos do meu tio e vomita uma série de "sei lá o que lhe hei-de chamar"... a senhora berrava tanto que se ouvia em toda a sala - atenção que ela berrava de lá de Trás-os-Montes e ouvia-se na sala da casa dos meus pais, cá em Lisboa!

- Tu és o "cabeça de casal" trata de tudo tu, blá, blá, blá... (não vale a pena estar a gastar as teclas do pc a reproduzir o que eu ouvi... além do mais, a grande maioria das palavras proferidas pela dita senhora são susceptíveis de ferir a sensibilidade das pessoas civilizadas que poderão ler isto que eu estou para aqui a escrever).

Telefono para a Repartição das Finanças de Alijó.

- Muito bom dia! O meu nome é Susana Lopes e estou a telefonar porque estou com um problema grave e não sei o que fazer. Gostaria de saber se me poderá ajudar: a minha avó paterna faleceu. O meu pai é o herdeiro "cabeça de casal" e o outro herdeiro, o meu tio, recusa-se a fazer o que é necessário fazer, inclusive facultar os documentos necessários. O mais grave é que parece que já ultrapassámos o prazo para fazer a participação do óbito.

-Ora, minha senhora... não é bem assim. Não são 6o dias nem 90. Tem até ao fim do terceiro mês a contar a partir do dia do falecimento. Se a avó faleceu no dia 8 de Agosto ainda tem algum tempo. Quanto aos documentos necessários: só são precisos o BI e o CC. Se o seu tio não der o BI, o seu pai vai ao registo civil e pede a certidão de nascimento do irmão. Quanto ao CC, não se preocupe... nós tratamos de o arranjar.

(uuffaaaaa!!!!!!)

- Pode ser feito na segunda-feira?

- Pode sim, minha senhora.

Ora, escusado será dizer que dei-um suspiro enorme de alívio. Ficou tudo tratado com alguns telefonemas.

Eu nunca precisei de tratar nada nos chamados serviços públicos. Fiquei muito satisfeita com a amabilidade, profissionalismo e, principalmente, com a vontade de ajudar que estas pessoas demonstraram.

[é pena que os meus tios não trabalhem na função pública...]

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Blog da Semana


Quem me conhece sabe que eu gosto de tudo muito arrumadinho, organizadíssimo, por temas, cores, tamanhos... gosto de listas, planos e menus. Sempre acreditei que uma vida organizada era meio caminho andado para um dia-a-dia perfeito sem contra-tempos.

Eu gosto de ser assim: a minha vida fica bem mais facilitada, para não dizer que esta minha faceta só me tem ajudado (mesmo) muito no controlo da minha doença.

Há quem me critique tal como criticam a autora do blog Dona de Casa Perfeita. Não entendo muito o porquê... mas o que podemos fazer?

Este blog é, simplesmente, genial. Tudo organizadinho, como eu gosto. A Mónica dá conselhos fenomenais e dicas incríveis que nos ajudam a melhorar em muito tudo o que fazemos no dia-a-dia.

Um blog a espreitar... e a seguir, sem dúvida!
 
Designed by Susana Lopes