Aqui está a minha vida...

... esta areia tão clara com desenhos de andar dedicados ao vento.

Cecília Meiréles

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Conservatórias, Repartições de Finanças... e afins

Ontem tive uma manhã daquelas. Fez dois meses que a minha avó paterna faleceu e há que tratar de muita coisa: participação de óbito às finanças, habilitação de herdeiros e não sei quantas coisitas mais.

Comecei por telefonar ao advogado que está a tratar das partilhas dos meus avós maternos. A Dona O. é uma querida: deu-me o o número de telefone da Conservatória de Alijó e o nome do senhor que trata dessas coisas.

Telefono para a Conservatória de Alijó:

- Estou sim, muito bom dia! O meu nome é Susana Lopes e estou a telefonar porque a minha avó paterna faleceu. O meu pai é o herdeiro "cabeça de casal" mas está aqui em Lisboa. Posso marcar habilitação de herdeiros por telefone?

- Não. Nós não marcamos nada por telefone. Tem que se deslocar pessoalmente e trazer a certidão de óbito da pessoa falecida e as certidões de nascimento dos herdeiros. E aviso já que não não tenho ideia para quando se pode marcar a habilitação. Estamos em formação... pode demorar uns dias, semanas...


- Compreendo, mas os meus pais não poderão faltar tantos dias ao trabalho... não podemos mesmo fazer a marcação agora que eu envio-lhe os documentos necessários por e-mail ou fax?


- Não.


Bonito. Telefono, novamente, para a Dona O. O que acha da Conservatória de Sabrosa? Sim, posso tentar.

Telefono para a Conservatória de Sabrosa:

- Muito bom dia! O meu nome é Susana Lopes e estou a telefonar porque estou com um problema e não sei se poderá ajudar: a minha avó paterna faleceu. O meu pai é o herdeiro "cabeça de casal" mas está aqui em Lisboa. Posso marcar habilitação de herdeiros por telefone?

- Deixe-me falar com os meus colegas.

...


- Pode, sim senhora. Preciso que me faculte alguns dados...


...dados facultados...


- Não precisa de trazer documento nenhum. Já tenho aqui as certidões que precisamos, dos herdeiros e da sua avó. Podemos marcar para segunda-feira?

Até aqui estava tudo a correr bem...

-Olhe que a sua avó já faleceu há 60 dias, cuidado que já vai pagar multa nas finanças.

O meu pai telefona para o meu tio para avisa-lo que a funerária se tinha enganado: não tinham 9o dias para participar o óbito às finanças mas 60. Eis que salta de lá... quem??? A minha tia tira o telefone das mãos do meu tio e vomita uma série de "sei lá o que lhe hei-de chamar"... a senhora berrava tanto que se ouvia em toda a sala - atenção que ela berrava de lá de Trás-os-Montes e ouvia-se na sala da casa dos meus pais, cá em Lisboa!

- Tu és o "cabeça de casal" trata de tudo tu, blá, blá, blá... (não vale a pena estar a gastar as teclas do pc a reproduzir o que eu ouvi... além do mais, a grande maioria das palavras proferidas pela dita senhora são susceptíveis de ferir a sensibilidade das pessoas civilizadas que poderão ler isto que eu estou para aqui a escrever).

Telefono para a Repartição das Finanças de Alijó.

- Muito bom dia! O meu nome é Susana Lopes e estou a telefonar porque estou com um problema grave e não sei o que fazer. Gostaria de saber se me poderá ajudar: a minha avó paterna faleceu. O meu pai é o herdeiro "cabeça de casal" e o outro herdeiro, o meu tio, recusa-se a fazer o que é necessário fazer, inclusive facultar os documentos necessários. O mais grave é que parece que já ultrapassámos o prazo para fazer a participação do óbito.

-Ora, minha senhora... não é bem assim. Não são 6o dias nem 90. Tem até ao fim do terceiro mês a contar a partir do dia do falecimento. Se a avó faleceu no dia 8 de Agosto ainda tem algum tempo. Quanto aos documentos necessários: só são precisos o BI e o CC. Se o seu tio não der o BI, o seu pai vai ao registo civil e pede a certidão de nascimento do irmão. Quanto ao CC, não se preocupe... nós tratamos de o arranjar.

(uuffaaaaa!!!!!!)

- Pode ser feito na segunda-feira?

- Pode sim, minha senhora.

Ora, escusado será dizer que dei-um suspiro enorme de alívio. Ficou tudo tratado com alguns telefonemas.

Eu nunca precisei de tratar nada nos chamados serviços públicos. Fiquei muito satisfeita com a amabilidade, profissionalismo e, principalmente, com a vontade de ajudar que estas pessoas demonstraram.

[é pena que os meus tios não trabalhem na função pública...]

1 comentário:

Ritinha disse...

Está tudo explicado (estou a falar do teu post do outro dia). Ainda andam assim? Não há pachorra! Opá, já que vais à terra, rifa a tua família na feira!

Jocas e força... que precisas, bolas!

 
Designed by Susana Lopes