Aqui está a minha vida...

... esta areia tão clara com desenhos de andar dedicados ao vento.

Cecília Meiréles

domingo, 9 de agosto de 2009

Nem sei como explicar...

...tudo aquilo que está a acontecer.

Sinceramente, questiono-me se isto só acontecerá na minha família…

[bem… não sei se poderei considerar estes indivíduos como família].

Tudo começou com um telefonema da minha irmã. A avó morreu… e eu não quero dar a notícia ao pai.

Não foi nada fácil fazê-lo… nada mesmo.

O meu pai tanto que queria vir à terra… mal sabia ele que viria pela pior razão.

Chegámos, após uma viagem de mais de 420 km. Estávamos exaustos, física e emocionalmente. Não parámos em lado nenhum porque queríamos chegar o mais rápido possível.

Batemos à porta dos meus tios. Só lá estava a minha tia. Não nos abriu a porta nem à primeira, nem à segunda nem à terceira. Abriu após muita insistência da minha mãe. Disse-nos somente que a chave da casa da minha avó estava com o meu tio e que ele estava na casa mortuária. Nem um copo de água…

Foi uma vizinha que nos deixou ir à casa-de-banho. Depois descemos o bairro e lá fomos ter que a minha avó.

Estavam lá o meu tio e o filho mais novo. À nossa chegada, eles foram-se embora. Mas antes, eu cumprimentei o meu tio que a custo lá me me disse que estava mais ou menos. Entregou-me a chave da casa da minha avó e desapareceu. Enquanto estivemos no velório, nenhum deles entrou na casa mortuária.

Eu e o meu pai fomos a Sanfins. Era dia de festa. Corremos a vila de uma ponta à outra e lá acabámos por encontrar uma tenda que vendia frangos assados e trigo.

Depois de irmos buscar a minha mãe à casa mortuária fomos comer, para casa da minha avó.

Voltámos para o velório e mal entramos eles voltaram a sair.

Foi uma noite longa… ninguém dormiu.

O funeral… os funerais, na minha família, têm sempre o se quê de dramatismo. A minha família é excelente neste aspecto. Há sempre confusão… eu, sinceramente, não entendo como é que é possível esquecer que ali-ao-lado-dentro-de-um-caixão-há-um-ente-querido-que-acabou-de-partir…

Desta vez não houve bancos a voar nem ameaças de porrada, como é comum nos funerais de família. Só arrogância, desprezo, frieza…

Depois do cortejo fúnebre, entrei no cemitério onde já se encontravam o meu tio e o meu primo, querido mano que se esqueceu da mana dele.

Fui ter como ele e ele recusou-me tudo: uma palavra, um beijo… e eu abracei-o. Deixa-te disso, por favor…

Depois fui a correr para ao pé do padre porque eu levava a caldeirinha.

A minha avó desceu… e ali fiquei a chorar. Porque nunca pensei que a minha avó pudesse morrer. Porque sempre acreditei que eu iria primeiro…

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