Aqui está a minha vida...

... esta areia tão clara com desenhos de andar dedicados ao vento.

Cecília Meiréles

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

...sou gaivota e fui sereia...


...corri pela margem
até à beira do mar
até que te vi num castelo de areia
cantavas "sou gaivota e fui sereia"
ri-me de ti "então porque não voas?"
e então tu olhaste
depois sorriste
abriste a janela e voaste...

Sérgio Godinho


Hoje, a minha mana de coração faz aninhos! Muitos porque já está a ficar velha... quase trinta!!!

Parabéns! Que a vida te continue a sorrir!

terça-feira, 24 de novembro de 2009

A arte de ser feliz

Houve um tempo em que a minha janela se abria para um chalé. Na ponta do chalé brilhava um grande ovo de louça azul. Nesse ovo costumava pousar um pombo branco. Ora, nos dias límpidos, quando o céu ficava da mesma cor do ovo de louça, o pombo parecia pousado no ar. Eu era criança, achava essa ilusão maravilhosa e sentia-me completamente feliz.

Houve um tempo em que a minha janela dava para um canal. No canal oscilava um barco. Um barco carregado de flores. Para onde iam aquelas flores? Quem as comprava? Em que jarra, em que sala, diante de quem brilhariam, na sua breve existência? E que mãos as tinham criado? E que pessoas iam sorrir de alegria ao recebê-las? Eu não era mais criança, porém a minha alma ficava completamente feliz.

Houve um tempo em que minha janela se abria para um terreiro, onde uma vasta mangueira alargava sua copa redonda. À sombra da árvore, numa esteira, passava quase todo o dia sentada uma mulher, cercada de crianças. E contava histórias. Eu não podia ouvir, da altura da janela; e mesmo que a ouvisse, não a entenderia, porque isso foi muito longe, num idioma difícil. Mas as crianças tinham tal expressão no rosto, a às vezes faziam com as mãos arabescos tão compreensíveis, que eu participava do auditório, imaginava os assuntos e suas peripécias e me sentia completamente feliz.

Houve um tempo em que a minha janela se abria sobre uma cidade que parecia feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre homem com um balde e em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma regra: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.

Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.


Cecília Meiréles

Num comentário ao meu último post, um querido amigo, o Miguel, deu-me a conhecer um trecho deste belíssimo texto de uma das minhas autoras de eleição. Eu adoro Cecília (creio que todos sabem disso), mas não conhecia A Arte de Ser Feliz.

Aqui deixo o texto na sua íntegra. É, simplesmente, fabuloso... obrigada, Miguel.

sábado, 21 de novembro de 2009

Da mais alta janela da minha casa

[fotografia tirada da janela do meu quarto]

Da mais alta janela da minha casa
Com um lenço branco digo adeus
Aos meus versos que partem para a Humanidade.

E não estou alegre nem triste.
Esse é o destino dos versos.
Escrevi-os e devo mostrá-los a todos
Porque não posso fazer o contrário
Como a flor não pode esconder a cor,
Nem o rio esconder que corre,
Nem a árvore esconder que dá fruto.

Ei-los que vão já longe como que na diligência
E eu sem querer sinto pena
Como uma dor no corpo.

Quem sabe quem os terá?
Quem sabe a que mãos irão?

Flor, colheu-me o meu destino para os olhos.
Árvore, arrancaram-me os frutos para as bocas.
Rio, o destino da minha água era não ficar em mim.
Submeto-me e sinto-me quase alegre,
Quase alegre como quem se cansa de estar triste.

Ide, ide de mim!
Passa a árvore e fica dispersa pela Natureza.
Murcha a flor e o seu pó dura sempre.
Corre o rio e entra no mar e a sua água é sempre a que foi sua.

Passo e fico, como o Universo.

Fernando Pessoa


[Hoje olhei, pela última vez, pela janela do meu quarto. Despedi-me da Primavera, da Assunção, da Jane e do Joe, da Luna e da Nina, lindos elefantes que me fizeram companhia ao longo deste último ano e meio. Aprendi tanto com eles... aprendi que seres enormes, com uma força bruta conseguem ser tão ternos quando ensinam as suas crias. Aprendi que quando um deles está frágil todos se juntam e ali ficam, como se em prece pelo seu ente querido que sofre. Aprendi que há horas para brincar, horas para aprender, horas para Ser.

Despedi-me, ainda, de todos os outros animais que conseguia ver da janela do meu quarto: dos leões, das girafas, dos lemúres, dos flamingos e dos hipopótamos. E, despedi-me também de todos os outros (aqueles que não conseguia ver da janela do meu quarto, mas que sei que estão lá, porque eram eles que me davam os bons dias, as boas noites, que me animavam com os seus cânticos...

Um dia destes, quando as fotografias já não forem suficientes para acalmarem a minha saudade, irei visitar esta grande família que, durante este tempo todo, fez parte da minha família (e estará sempre dentro do meu coração).]

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Só me apetecia ficar...







...deitadinha na cama quentinha, com o meu pijama de lã polar, bem enrroladinha no edredon de penas...








[Estou tão cansada...]

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Tu és o meu bebé


Se tu fosses um peixinho
Não te tirava do mar,

Nada, nada, nada...
Nada, nada, nada...

Se tu fosses um passarinho
Tirava-te da gaiola,

Voa, voa, voa...
Voa, voa, voa...

Se tu fosses uma estrela
Ia ter contigo ao céu

Brilha, brilha, brilha...
Brilha, brilha, brilha...

Mas tu és eu e eu sou tu
E vamos fazer ó-ó, ó-ó...

Dorme, dorme, dorme...
Dorme, dorme, dorme...

E agora somos um só
E vamos fazer ó-ó, ó-ó...

Dorme, dorme, dorme...
Dorme, dorme, dorme...

domingo, 15 de novembro de 2009

Estou...

...podre.

sábado, 14 de novembro de 2009

Uma Aventura... depois do IKEA






Foram precisos...









...três marmelos...




...para montar um armário...

...igual àquele que eu montei esta manhã, totalmente sozinha.

[depois dizem que a culpa é do IKEA: ah, e tal, porque quase que é preciso ir à mata, serrar a árvore, cortar a madeira e tal... marmelos!]

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Amanhã...


...faz uma semana que estamos na nossa casa. Está tudo a correr muito bem. Consegui arrumar quase tudo, graças à minha mãe: ela tem ficado com os pitocos, durante as tardes. Assim, com as tardes livres, foi-me bastante mais fácil arrumar e organizar tudo. O meu pai também ajudou muito: nas mudanças, nos pequenos arranjos aqui e ali, em tudo e em mais alguma coisa. Obrigada, Mãe e Pai! Sem vocês não teríamos conseguido!

Amanhã é sábado... estou tão, mas tão cansada... amanhã, tenho mesmo que me obrigar a descansar. Emagreci imenso, nestas duas semanas, sinto-me exausta e cheia de dores.

Mas... estou muito feliz, com a nossa casinha.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Isto é...

...surreal.
A minha cozinha estava toda assim...

Qual vaporizador, qual quê! Teve que ser com um daqueles produtos ultra XPTOZ (que além de limpar muito bem, intoxica ao ponto de matar uma pessoa com um ataque de asma) e muita força de braços.

A minha pergunta mantém-se, um pouco mais reforçada dada à frustração com que eu fiquei: como é que alguém entrega uma casa assim???

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Mudanças...





...propriamente ditas.






Este fim-de-semana foi... muito, mas mesmo muito cansativo. Na manhã de sábado terminei de empacotar as últimas caixas e fui pondo tudo em ordem para que quando a empresa de mudanças chegasse o serviço estivesse encaminhado.

Tivemos muita sorte com a empresa que contratámos. Excelente serviço: rápido e eficaz. Tal como eu gosto.

Foi uma tarde em cheio. Eu, o Toni e o meu pai também ajudámos na mudança. Subimos e descemos as escadas dos prédios vezes sem conta. Mas, no fim do dia, valeu a pena.

No domingo, foi dia de arrumações. Graças ao meu método, está a ser muito fácil arrumar tudo. Ainda falta tanto... mas prefiro fazer tudo com calma para que tudo fique arrumado e organizado como deve ser.

Ainda deixei muita coisa para fazer na outra casa, mas tenho até ao fim do mês para arrumar o que falta e limpar tudo bem limpo. Vou ver se consigo fazê-lo pelo menos até o dia 20. Gostaria de entregar a casa mais cedo para que a família que se vai mudar para lá, não ter que fazer tudo às pressas.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Blog da Semana

Só te peço 5 minutos

Fê-Blue Bird (d)escreve com sentimento. A vida tal como ela. Se alegre, pinta-la com tons de Verão.

Mas, se triste, não pinta a vida com tons de inverno. Lutadora, procura pintar esses dias com tons de Outono. Tons quentes, como o seu coração. Para que esses dias, ainda que tristes, não entristeçam quem a lê.

Dá-nos força para avançar... por isso, uma leitura recomendada. Todos os dias... ainda que só por cinco minutos.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Por de trás da magnólia


Exaltado aroma perdido na folhagem verde escura, envernizada.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Uma Aventura...


...no IKEA.

Ontem foi um dia digno de ser descrito pela Isabel Alçada e ilustrado pela Ana Maria Magalhães.

Eu não gosto de ir ao IKEA, é mesmo muito raro ir lá. Arranjo sempre alguém que vá por mim. O meu problema não com o IKEA em si... é com o espaço. Este tipo de "lojas" dão-me nos nervos. Com o El Corte Inglés passa-se o mesmo.

Crises de pânico. Fizeram parte do "pacote" do esgotamento que tive há mais de 8 anos. A coisa já está controlada há muito. Consigo estar em cinemas, centros comerciais - bem, desde que estejam vazios e durante pouco tempo... mas o que interessa consigo.

Excepto em dois locais acima referidos. Nada de IKEA nem de El Corte Inglés. Não dá, mesmo que queira muito. A coisa é mais forte que eu.

Mas... ontem, lá teve que ser. Porque há dois anos atrás, quando comprei a minha mobília de quarto, não comprei o roupeiro (a casa tinha um incorporado). Então, lá fui eu e o meu pai. Dois tontos que têm a cabeça só para usar o cabelo (no caso do meu pai, é mais para usar meia dúzia de pelitos e o chapéu em dias de sol).

Antes de entramos deixei as devidas instruções ao meu pai (ah, pois é: eu tenho crises de parvoíçe, quero dizer, de pânico e o meu pai é que me atura, o coitado). Se nos perdermos, encontramo-nos aqui...

Seguindo as setinhas, lá fui encontrando o que queria (eu levava a minha listinha... que eu sou esperta!). Era pouca coisa. Depois, toca a ir ao armazém para buscar o roupeiro e, já lá estavamos, mais duas parteleiras que estavam em promoção (eu adoro esta palavra).

Fui ao monitor de busca, escrevi os códigos e e lá encontrei os respectivos corredores e secções. Excepto, do mais importante: o raio do roupeiro. Mais uma fila... Boa tarde, desculpe, mas eu preciso da sua ajuda...

Simpaticamente, o empregado explicou-me que aquilo a que eu chamava de roupeiro era somente uma estrutura. Ou seja, só vinham as portas e as tábuas de base, do topo e as laterais. Desculpe, não estou a entender... opá, eu não sou assim tão burra que não entenda algo tão simples como o que o moço me explicou. O que acontece é que eu estava aterrorizada por estar ali e, simplesmente, não conseguia sequer raciocinar.

Então, é assim mesmo. Compram-se as portas. As tábuas laterais, do topo e da base. Depois, em várias outras compras, constrói-se o resto, à medida e gosto do freguês.

Quê???? Eu vou pagar isto tudo por meia dúzia de tábuas e depois ainda tenho que cá vir outra vez para comprar outras tantas tábuas? E o varão? Pelo menos traz um varão?

Não. É só mesmo uma estrutura.

Isto só comigo... Muito obrigada pela sua ajuda, eu vou ver como irei fazer isto.

Ok... plano B. Sim... eu tinha um plano B... eu tenho sempre um plano B.

Havia um outro roupeiro que eu vi no catálogo. Mas como é muito estreito, teve que ser dois. Claro está que perguntei se era mesmo um roupeiro: com varão, gavetas... etc.

Depois de muito esforço porque a porcaria das caixas eram pesadas como tudo, lá fomos pagar. Estavamos cansados, o meu pai estava cheio de dores nas pernas e eu já nem conseguia estar de pé. E o que é que estas duas cabeçinhas pensadoras se lembraram? De quê?

Ou melhor... do que não se lembraram!!!!

Que as caixas não iam caber no carro... mas, nem nos lembramos que existia o raio do serviço de entregas. Por causa da cabeça que só dá para estar em cima dos ombros e pouco mais.

E pronto! Foi o drama, ou melhor, a comédia meter tudo no carro. O desgraçado do meu pai é que teve que fazer a força toda que eu cá com o meu metro e quarenta e oito de altura e 41 kilos de peso pouco consegui ajudar...

E... ninguém se lembrou do maldito serviço de entregas...

Bem se tentou meter tudo lá para dentro... para ter que se tirar de novo: a porta não fechava. Lá tive eu que ficar mais de uma hora e meia, no IKEA, sozinha com uma caixa enorme, à espera que o meu pai fosse até casa, esperasse o Toni chegar do trabalho... carregar com as ditas e voltar para me buscar. Mais a caixa que faltava, claro.

E assim foi. Portei-me muito bem, diga-se. Estava tão preocupada com o meu pai que me esqueci onde estava. Nada de crises ou meias crises...

Hora e meia depois... o meu pai chega: outro drama, mas mais pequeno. Meter a outra caixa no carro. Lá conseguimos e fomos para casa. Não assim tão rápido, claro que tínhamos de apanhar com uma fila de trânsito que não lembra a ninguém!

Quando chegámos, carregamos a caixa até ao hall do prédio, onde estavam as outras caixas. O pobre do Toni e o desgraçado do meu pai, lá levaram muito a custo a primeira caixa.

Eu, aflita por não poder ajudar... até que tive uma ideia - brilhante, diga-se, que eu cá quando penso sou um ás, só é pena é que não pense mais vezes: abrimos as caixas, lá embaixo, e tráz-se peça a peça.

Pronto. Já está! Viva Palminhas!!!!

Arghhhhhh!!!! Ainda tenho que fazer o jantar!!!!!!!!

E estava tão cansada... aquelas caixas eram mesmo pesadas.

Hoje... estou toda partida... dói-me tudo o que é músculo neste meu corpinho minúsculo. Quero ir dormir....

[e o meu pitoco gordo pesa só 16 kilos e meio... alguém me arranja um guindaste?]

domingo, 1 de novembro de 2009

Dói-me o passado...

Está quase tudo empacotado, pronto para o dia da mudança. Deixei, porém, duas gavetas para o fim...

Estas duas gavetas estão sempre fechadas. Nunca lá vou... a última vez em que as abri foi há mais de ano e meio, quando me mudei para aqui.

Quando abri as gavetas... cartas, fotografias, objectos... memórias, na sua maioria, dolorosas. Amigos que partiram, objectos especiais que se esqueceram, momentos perdidos na memória... lá longe.

As lágrimas escorreram pelo meu rosto. Saudade... como eu sinto falta destes amigos, destes momentos... como dói tudo isto...

Ficou tudo guardado numa caixa. Fechada. Depois, no dia das mudanças, irão novamente para uma gaveta que se fechará também. E tudo ficará como tem que estar. Fechado. Durante muito tempo... até...
 
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