Aqui está a minha vida...

... esta areia tão clara com desenhos de andar dedicados ao vento.

Cecília Meiréles

sábado, 5 de setembro de 2009

One Last Cry...


Dizem que o tempo apaga tudo. Eu nunca acreditei em tal. O tempo pode atenuar a dor, a saudade. Apagar? Não. Jamais...

Mas, descobri que existe algo que cura...

Apesar de ser reikiana há cerca de dez anos, nunca me dediquei muito ao Reiki. Sempre que era necessário uma doação de Reiki, eu fazia-lo . Mas era muito raro fazê-lo em mim mesma. Não sei porquê... afinal, sempre me senti muito bem a doar Reiki.

Faz um mês - no próximo dia oito - que a minha avó faleceu. Foi um dia muito complicado... extremamente longo. Quase insuportável.

Ficámos no velório até tarde. Ao regressarmos a casa da minha avó - onde iríamos pernoitar - passamos pelo meu primo mais novo. "O D. deve estar a chegar", disse à minha mãe.

O D. está a chegar... O meu coração deu um salto e conseguiu ficar ainda mais apertado. Mais angustiado. Há muitos - tantos - anos que não via o meu mano que tanto adorava... que tanto me tem feito chorar nos últimos sete anos.

Os meus pais foram-se deitar e eu também. Estávamos completamente exaustos. Fiquei no pequeno sofá da marquise. Fechei os olhos. A intensidade da minha dor de cabeça aumentava a cada minuto que passava (as minhas famosas dores de cabeça escolhem sempre muito bem a altura para aparecerem). O meu coração estava completamente alterado, as palpitações pareciam que iam rebentar com o meu peito. Sentia-me a enlouquecer. O timming perfeito para uma crise de pânico... e eu sem os meus florais.

Quando me apercebi que os analgésicos não me estavam a fazer nada e que o meu estado parecia agravar cada vez mais, lembrei-me do Reiki.

Apelei à energia do Reiki, coloquei uma mão na cabeça e outra no coração. E assim fiquei. Chorei muito... mas a dor começou a atenuar. As batidas do coração abrandaram, deixei de ouvi-las na minha cabeça. Começei a acalmar. Sentia o Reiki a fluir como uma torrente enorme. Parecia que o meu corpo - a minha alma - começava a recuperar.

Lá fora, o ruído de um carro a chegar. As luzes acederam-se. Vozes. O meu primo tinha chegado. Era ele, lá fora.

Com as duas mãos no peito, continuei a rezar. A apelar à energia amorosa do Reiki que me ajudasse.

Adormeci... com as luzes da varanda da minha tia acesas, com as vozes dos meus primos a conversarem pelo resto da noite que sobrava.

No dia seguinte, tudo de novo. O meu primo estava no cemitério, ao lado do meu tio. Mas, desta vez, eu estava mais calma. Quando o vi, lá longe, coloquei uma mão no peito e, novamente, apelei à energia amorosa do Reiki. Para que me ajudasse, para que acalmasse o meu coração.

Quando cheguei ao cemitério, dirigi-me ao meu primo e abracei-o. Ele recusou o meu abraço - tal como no meu sonho - mas eu agarrei-o e chorei.

Não sei explicar o que aconteceu. Só sei que aconteceu.

A partir dessa hora, não mais chorei por ele. Chorei a partida da minha avó, chorei porque o meu pai e a minha mãe choraram e eu não suporto vê-los chorar, chorei porque não resisti ao delicioso Trigo de Favaios que acordou a minha espondilite, chorei porque comi um Magnum Branco que dá umas dores extremamente fortes... mas, pelo meu primo, não voltei a chorar. Porque sinto-me em paz com ele.

Sinto que - agora - está tudo bem.

O que mudou? Não sei. Só sei que mudou tudo o que sentia cá dentro. No meu coração, na minha alma.

O Reiki cura. Cura o corpo físico, mas não só: cura o mental, o espiritual.

Acredito que há algo mais na relação que tenho (ou tinha) com o meu primo. Acredito que esse algo mais vem de longe. Muito longe, de uma outra vida talvez.

Seja como for, hoje, sinto-me em paz. Seja lá o que for que tenha acontecido - nesta ou numa outra vida, quem sabe - ficou resolvido naquele dia, no cemitério.

E estou grata por isso. Obrigada à energia do Reiki e a todos que estão envolvidos na cura.

Obrigada a mim mesma porque me permiti essa cura.

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