Aqui está a minha vida...

... esta areia tão clara com desenhos de andar dedicados ao vento.

Cecília Meiréles

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Eu ainda não estou em mim... que maneira de começar o novo ano, a nova década...


Algo se passa, cá dentro, que ainda me custa a acreditar... estou curada. Assim, sem mais nem menos. De um dia para outro.

Sim. É... é isso mesmo.

Como?

Tudo começou há dois anos, com uma simples dieta. Milagre, a minha mãe chamou-lhe. Sim, foi um verdadeiro milagre.

Os meus amigos e familiares insistiam no coitadinha, não podes comer quase nada, eu insistia que antes assim que na cama a delirar com dores.

Agradecia e, ainda agradeço, todos os dias por ter descoberto esta dieta.

Durante dois anos, segui este regime alimentar... gostaria de dizer, religiosamente, mas tenho problemas de gula. E, por isso, de vez enquanto, lá ia eu à cama.

Os últimos meses estavam a ser um pouco preocupantes, pelo menos, para as pessoas que me rodeavam. A minha intolerância alimentar aumentava consideravelmente. A lista de alimentos permitidos diminuía drasticamente. Não sabia o porquê, mas também não me preocupava muito. O que verdadeiramente interessava é que eu estivesse sem dor.

Mais ou menos, há uns três meses atrás, o meu pai encontrou na rua, um livro. Sim... mesmo assim: na rua, no chão. Novo. Via-se que estava por estrear. E trouxe-lo para casa. Olhei para ele. Ah... eu já mandei esse livro a todas as minhas amigas, por e-mail e dizem que é interessante, mas eu nunca o li. Nem sequer peguei nele.

Nas semanas seguintes, entrava no quarto da minha mãe, lá estava o livro. Na sala, na cozinha... e até na casa-de-banho. Mas, eu olhava para ele e mais nada.

Um dia, estou no quarto das miúdas e, enquanto falo com elas, pego no livro. Abro-o à toa. Leio. Mas é isto mesmo... a resposta que eu estava a precisar, neste momento. Nesse dia, estava com um problema que eu não conseguia resolver e, por muito incrível que possa parecer, o livro ajudou-me a resolvê-lo.

Voltei a colocar o livro onde estava. Nunca mais olhei para ele.

Até que umas semanas mais tarde, voltei a dar de caras com ele. Sim, dar de caras é a expressão correcta, uma vez que ele estava na prateleira que eu estava a limpar.

Desta vez, olhei para ele com olhos de ver, diferentes dos olhos que olham. Levei-o para casa. Li-o todo. Desde a primeira até à última página.

Demasiadas perguntas, as que me ficaram na mente. Será?...

E, porque não? Se formos mesmo ver... ora: todos os grãos têm amido. O chocolate é um grão... e não nos faz mal. O arroz, tem um índice de amido altíssimo... e não nos faz mal.

Isto ficou-me na cabeça, dia e noite. Porque é que uns polissacarídeos (aka amido) fazem mal e outros não? Têm todos a mesma estrutura molecular. Pois têm. Mas alguém disse que era assim e eu aceitei. Uma outra coisa... a fruta provoca-me dores incríveis mas toda a gente que eu conheço tolera fruta... mas, no livro de Carol Sinclair, vem um alerta para a fruta: se for colhida antes de estar madura, o processo de conversão de amido para frutose pára.

Nessa mesma semana, bebi uma garrafa de leite com chocolate da Ucal. [Eu adoro leite com chocolate da Ucal]... nada.

Na semana seguinte, um pastel de nata...

Nada. De nada.

Uhm... isto é mesmo muito estranho. Até há duas semanas atrás, nem um comprimido com amido eu tolerava...

[tive que tomar um anti-histamínico por causa da rinite e nem me quero lembrar do que se seguiu....]

No dia de Natal, a mesa estava linda... como está sempre, que eu e a minha mãe adoramos passar a véspera de Natal na cozinha. Uma parte da mesa estava reservada só para mim: miminhos sem amido. Todo o resto da mesa, o normal de uma mesa de Natal: filhoses, rabanadas, sonhos, azevias, coscorões, arroz doce, aletria, bolo-rei... e um magnífico bolo de chocolate. De brigadeiro, para ser mais concreta.

Era manhã... a Ana estava sentada ao meu lado. Cortou uma fatia. Roubei-lhe a fatia e comi-a. Soube-me tão bem... todos olhavam para mim com aquela cara de coitadinha, nós entendemos-te mas e agora, como vai ser o resto da semana?

Foi bem, muito obrigada, mas não era necessário tanta preocupação.

Na noite de fim-de-ano, comi dois [dos famosos] pastéis de bacalhau da minha mãe. E chorei. Sim, os pastéis estavam mesmo bons de comer e chorar por mais, mas não foi por isso que me vieram as lágrimas aos olhos. Foi pela constatação de tudo estava bem.

Agora. Sim. Tudo bem.

O pão voltou ao meu pequeno-almoço, tal como o leite. Não, não estou a abusar. Continuo com a minha dieta, até porque eu continuo a achar que este regime alimentar é o grande e derradeiro passo para o tratamento desta e de outras doenças. Só estou a introduzir alguns alimentos porque... sei lá!

Porque quero. Porque, como eu disse acima, sofro de gula. E porque preciso de voltar a sentir-me uma pessoa normal. E porque todas as pessoas que me rodeiam estão felicíssimas pela minha cura e gostam de me ver a comer com elas, novamente.

E porque eu estou curada.

E porque eu mereço.

10 comentários:

Ritinha disse...

Mas que livro é esse? Mas estás mesmo a comer tudo? E não tens dores? Explica lá isso mas com detalhes. Ah! Se é mesmo assim, estou mesmo muito feliz por ti! Parabéns!!!!! e muitos xoxoxoxoxoxoxosssssss!!!!

milu disse...

Minha querida,
Nem tenho palavras para descrever como estou tãaaaaao feliz,por saber que tudo está bem contigo!
Como é que é possível???????
Mas vê lá!.....também não te ponhas a abusar em demasia :>
vai com calma......
Tudo de bom para ti.
Beijinhos manita.
milu

Miguel Ângelo disse...

Eu acredito em ti, apesar de achar tudo incrível. Tens que explicar isso melhor. Eu também quero ir em frente.

Aquele abraço...

Marta F disse...

Já li e reli o que escreveste e continuo abismada: podes mesmo comer tudo? Como é que isso aconteceu? É tão fantástico! Que bom para ti, amiga. Estou mesmo muito feliz por ti. Um beijo grande que tu mereces!

Thê disse...

O que nos conta é, sem dúvida, maravilhoso. Que feliz que estou por si, amiga! Agora, já não tem mais motivos para andar tão magrinha, coma que só lhe faz bem!

Um beijinho de parabéns,

Theresa

Fê blue bird disse...

Minha querida e doce amiga:
Ontem no calor da leitura da sua mensagem escrevi um comentário emocionado que afinal acho que se perdeu...não faz mal pois todos os dias vou celebrar consigo a sua vitória que também é minha.
E é minha pois temos partilhado tantos momentos de dor de esperança de vitórias e de não vitórias, mas acima de tudo temos partilhado uma amizade que nasceu da partilha de uma doença que afinal não é um monstro como agora bem sabemos.
Sei que não foi um vitória fácil, mas por isso o sabor é ainda maior.
Não tenho a sua força ou teimosia como costuma dizer, segui outro caminho, mas apesar disso estivéssemos sempre unidas, respeitando e apreciando mutuamente as conquistas que íamos alcançando.
Desejo-lhe que siga sempre essa Luz maravilhosa que a guia e que seja sempre "teimosa".
Da amiga para sempre, mil beijinhos

Amélia disse...

Só tu mesmo. Teimosa como uma burra :)

Agora a sério: eu estou mesmo parva com tudo o que li. Que bom estares sem essas dores, que bom teres voltado à tua vida normal. Já fizeste algum exame como estás? Acho que seria interessante. Digo eu.

Um beijo a saber a crepes de frutos silvestres com topping de chocolate e duas bolas de gelado de framboesa (ufffa... é assim, não é? Ah! Já podemos ir outra vez à Maison des Crèpes!!!)

que fixe :)

Petit Leaves disse...

Obrigada a todos pelos vossos comentários. Tal com disse no título deste post, ainda não estou em mim. Tudo tão... que nem sei.

O que eu sei é que ontem, o meu almoço foi uma canjinha de galinha e o meu jantar foi um creme de abóbora, cenoura e batata. Também "roubei" uns palitos de batata frita ao Toni e está tudo bem.

Cada vez mais acredito que tudo depende de nós. Contudo, não sou da opinião que todas as pessoas têm que conseguir fazer exactamente o mesmo caminho. O que importa é a meta. Alcançar a meta. Como foi feito o caminho? Isso o que interessa? Só a meta...

O segredo está em nós. A resposta está em nós. Há que procurar, ir ao nosso íntimo e querer muito.

Se a resposta está numa dieta, numa injecção ou no nosso subconsciente, isso é pouco relevante. Importa encontrar a resposta, seja ela qual for.

[o livro que eu li: O Segredo de Rhonda Byrne]

Um beijo de muito obrigada por tudo... meus queridos amigos: eu adoro-vos e sem vós nada disto teria sido conseguido.

Maria disse...

Olá Susana: Também fiquei curiosa em saber qual o livro que leu.Vi agora, aqui, na resposta aos comentários de alguns membros que foi o Segredo e já li esse livro, também gostei e mostra o Poder que tem o Querer, o Acreditar.

Petit Leaves disse...

Olá, Maria!

Obrigada pela visita. Acreditar é assim: é o que faz a diferença :)

Um beijo...

 
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