Aqui está a minha vida...

... esta areia tão clara com desenhos de andar dedicados ao vento.

Cecília Meiréles

sábado, 30 de janeiro de 2010

Blog da Semana

Mulher, mãe, amiga... uma comum mortal. É assim que Atena se descreve. Eu prefiro usar outros adjectivos: forte, generosa, persistente, corajosa... e capaz de um Amor que nos contagia e nos faz render.

Peso dos Sentidos fala-nos de uma mãe, de um filho e de uma causa, o Autismo.

Eu não posso falar sobre este tema porque pouco sei sobre ele. Dizem que são seres especiais. Uma coisa eu tenho a certeza... depois de conhecer o pequeno Vasco, através das palavras de sua mãe, este menino é especial, sim. Mas, também a sua mãe o é.

Este é um blog a visitar diariamente. Eu visito e não há dia em que não saia com uma lágrima teimosa e com um sorriso cheio de ternura.

Obrigada, Atena por partilhar connosco tanto que tem aprendido, que tem vivido, que tem amado.

E um beijinho ao Vasco...

["O Luizinho é castanho e cheira a chocolate" - disse o Vasco de um amiguinho. Ora digam-me: haverá algo mais... que estas palavras?]

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Isto deve significar alguma coisa...

As minhas séries televisivas favoritas (sem as quais eu não passo, cujos episódios são gravados e vistos várias vezes, onde eu absorvo palavra por palavra, mesmo que tenha que fazer rewind vezes se conta para entender este ou aquele procedimento) são:

E.R. Serviço de Emergência

Anatomia de Grey

Hospital Central

Clínica Privada

Dr. House

Trauma

Mercy

Das duas uma, ou eu fui médica na minha vida passada... ou fui morta por um.

[By the way... ontem vibrei com uma cirurgia ao cérebro num paciente com Neurocisticercose, lindo, lindo, lindo...]

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Ice Age




Recuso-me a tirar a neve do meu blog,
enquanto este frio continuar...


[opá, e a minha cama que estava tão quentinha...]

sábado, 23 de janeiro de 2010

Ter Lua em Escorpião (ou a cabra que há em mim)

@

Ontem, bani três membros do fórum. Há muito que eu o deveria ter feito porque há muito que andavam a exagerar. Não. Abusar é a palavra certa.

O gosto muito da palavra Respeito, prezo-a desde menina. Mas eu só respeito quem me respeita. Eu não tolero faltas de respeito a ninguém, tenha a idade que tiver.

Há muitos anos atrás, um senhor, já de uma idade considerável, foi extremamente mal educado para mim. Estávamos no autocarro... eu tinha para aí os meus 14 anos (?). Eu olhei para esse senhor e disse-lhe, muito calmamente, para ele mudar o tom de voz. Disse-lhe ainda, que era uma pessoa que respeitava tudo e todos, menos aqueles que me faltassem ao respeito: fossem quem fossem, tivessem a idade que tivessem. Lembro-me tão bem da cara dele, como se tivesse sido ontem. Olhou para mim, olhou em volta para as pessoas que olhavam para ele , carregou no botão para sair e saiu na paragem seguinte.

É assim que eu sou. Quem gostar gosta. Quem não gostar... põe à beira do prato, como diz a minha mãe.

Também me considero uma pessoa bastante tolerante. Há quem diga que eu sou tolerante demais. Provavelmente, têm razão. O problema pode até residir aí: no ser tolerante demais. Porque, a partir do momento em que eu deixo de ser tolerante, sou totalmente o oposto.

Numa linguagem mais grosseira mas com uma imagem mais explícita: podem-me pisar os calos até fazer sangue que eu cá sou muito boazinha... mas se eu viro, saiam da minha frente. Cai tudo. Não há qualquer tipo de volta dar. No dia em que eu perco a cabeça a sério com alguém, essa pessoa passa a conhecer a Outra Susana que há cá dentro - nada simpática, muito menos boazinha: uma verdadeira cabra. E quanto ao respeito... deixa de existir qualquer tipo de respeito pela pessoa em causa, passa a haver muito desprezo.

Eu sou assim. Se gosto de ser como sou? Não. Não gosto mesmo nada. O problema é que eu tenho a minha Lua em Escorpião. O que faz com que eu seja uma verdadeira cabra para quem é uma verdadeira cabra para mim. Poderia ser pior, mas graças a Deus tenho Júpiter em Trígono a Vénus e em Sextil a Neptuno e Lua Sextil ao Nodo Lunar. Isto traduzido por miúdos, significa que eu sou de natureza agradável e afável, de bom coração. E, quem me conhece sabe que eu sou assim. Quando eu gosto, gosto muito e podem contar sempre comigo para o que der e vier.

[agora, quando não gosto...]

Os membros que foram banidos (eu prefiro a palavra expulsos) do fórum, não sabiam o significado da palavra Respeito. Desrespeitavam tudo e todos. E isso, para mim é inadmissível. Avisei-as por várias vezes, ao longo de dois anos. Mas, as senhorinhas insistiram. Ontem, tiraram o dia para me ofenderem até ao obsceno.

Puseram em causa a minha palavra. Chamaram-me de mentirosa. Munidas com a sua ironia de quinta categoria, atacaram-me. Ora... eu cá detesto que me chamem mentirosa (e que usem a minha figura de estilo preferida de uma maneira tão incompetente). Eu tenho uma miríade de defeitos, mas há uma coisa que eu não sou: mentirosa.

Estas pessoas são pequeninas. De espírito. São pessoas mínimas que existem para minar a esperança, a fé, a vontade dos que as rodeiam.

Minhas senhorinhas: se o vosso desejo é continuarem a viver nesse rol de lamentações, às custas do subsídio de doença (aka baixa médica) com a esperança de virem a usufruir de uma reforma antecipada, por mim, estão à vontade. Mas... façam-no longe de mim. E das pessoas que querem Viver para além da doença e da atenção que recebem à conta dessa mesma doença. Nós não precisamos da vossa desmoralização constante nem da vossa mesquinhez típica de quem existe, única e exclusivamente, para ser amarga e semear amargura por todo o lado, só porque sim. Façam um favorzinho: mordam a vossa língua de cobra e envenenem-se a vós próprias. A Humanidade agradece.

Agora, vou-me mas é por à minha vida... tenho toneladas de roupa para passar a ferro e já perdi demasiado tempo com nada.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A todos os que andam por aí...

...a dizer que eu estou curada porque fui mal diagnosticada e nunca tive a porcaria da doença que tive...



Por vezes, questiono-me se
as pessoas são mesmo assim
ou
se terão que fazer algum esforço...

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Hoje assisti a algo... sem comentários.

Hoje cedo, quando fui à janela da cozinha, para estender a roupa, vi um carro de patrulha estacionado em frente da Junta de Freguesia. Dois polícias entravam e saíam da Junta, sempre falar pelos comunicadores (opá, eu não sei o nome daquelas coisas que eles usam para falar uns com os outros, mas deve ser algo parecido com comunicadores). Faziam uma pequena ronda e voltavam a entrar na Junta.

Deve estar a acontecer alguma coisa... pensei eu. Eis que chega um segundo carro de patrulha. Mais dois polícias. Juntaram-se e começaram a falar uns com os outros. Seguiram para dentro da junta e lá ficaram algum tempo. Olhei em volta, parecia tudo normal. As pessoas continuavam a entrar e a sair do edifício, como nada se passasse. Mas... num país onde não há lei nem roque, quando se vê dois carros de patrulha e quatro polícias (4, sim, eu disse 4), só pode estar a acontecer algo de muito errado.

Saem do edifício e conferenciam uma última vez. Separam-se dois a dois. Um deles mete a mão ao bolso de trás... uma pistola? Não: um bloco de papel.

Neste país, onde não há lei nem roque, quando se vê dois carros de patrulha e quatro polícias, nada de grave se passa. Estão somente a passar multas.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Sinto-me...


...assustada.

Eu sempre gostei de trabalhar. Comecei cedo. Adorei cada emprego que tive. Vivia para o trabalho. Era uma verdadeira adicta. Uma workaholic.

Deixei de trabalhar em Março de 2006. Já não conseguia mais. Voltei ao trabalho em Maio de 2008, mal a minha doença me deu tréguas. Mas... não fui para um trabalho "normal". Com pessoas. Pessoas crescidas... digo. Há quase dois anos que trabalhado com pessoas pequeninas. Aprendi, não só a tratar delas, aprendi a amá-las.

Esta última semana não tem sido fácil para mim. Mas, descobri que não é só o facto de deixar os meus pitocos que me está a deixar assim. A partir do próximo mês, eu vou voltar a trabalhar com pessoas crescidas. E isso, está a deixar-me assustada.

Eu gostava muito de socializar. Eu era daquelas que estava sempre a sorrir, com quem todos podiam contar, que nunca se queixava. E, por isso, muitos foram os que abusaram. Que me fizeram sofrer, ao ponto de cair no esgotamento que despoletou a minha doença.

Hoje, estive mal o dia todo. A minha vesícula não me deixa em paz, há cerca de uma semana. Tirei a tarde, vim para casa e deitei-me. Estava exausta. E chorei. Muito.

Porquê? Afinal: eu estou curada de uma doença dita incurável, tenho os meus amigos, a minha família, o meu Toni, a minha Luna e o meu João. Vou começar uma nova etapa. Escrever um novo capítulo no livro da minha vida...

Então, porquê? Porque eu estou com medo. De enfrentar o mundo lá fora. As pessoas crescidas. As pessoas crescidas conseguem ser muito más, de vez enquanto...

Estou com tanto sono... vou dormir.

Até amanhã...

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Porque é que a Indústria Farmacêutica ainda não está no Haiti???

Existem muitas outras questões que eu gostaria ver esclarecidas mas esta é, sem dúvida alguma, a que me incomoda mais.

[Devem estar demasiado ocupados a contar o dinheiro que ganharam com a sua mais recente farsa e a pensar em qual será a seguinte.... afinal, ainda existem muitas letras no alfabeto que não foram aproveitadas para baptizar vírus. Enquanto isso, resta-nos assistir, impotentes, à morte muitas vezes extremamente dolorosa de tantas crianças, de tantas mulheres, de tantos homens... Eu sei que estão lá inúmeras pessoas que deixaram tudo para trás para irem ajudar, não obstante, as Outras - as que podem realmente fazer a diferença (não só a Indústria Farmacêutica, como o Vaticano e por aí...) - nada fazem. E, por causa dessas outras, Humanidade mete-me nojo.]

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Ando a falar tanto em mudanças... venha de lá mais uma... a derradeira.


Os meus planos, para este ano, passavam por uma mudança de emprego. Lá para Setembro, quando o meu mais velhinho entrasse para a escolinha. Decidi que só iria continuar com as crianças até lá. Porque estava na hora de mudar. Não porque eu tenha deixado de gostar de estar com eles, muito pelo contrário. Mas por uma série de razões que me levaram a esta, tão difícil, decisão.

O meu mais velhinho conseguiu a última vaga de um infantário mesmo ao lado da casa dele. Mas, não é para entrar em Setembro. É já para o início de Fevereiro. Daqui a quinze dias.

Falámos com os pais dos outros pitocos e, também, eles estão encaminhados.

Quinze dias. Daqui a quinze dias, vou ficar sem os meus pitoquinhos... já sinto tanto a falta de cada um deles...

Cada um, tão especial...

Esta foi uma experiência linda que eu adorei e dou graças por tê-la tido. Aprendi tanto com os meus bebés...

Não vou dizer que foi sempre fácil. Tomar conta de crianças, não é fácil. Lidar com alguns pais é, ainda menos, fácil (sim... os pais conseguem dar muito mais trabalho que os bebés). Mas, adorei cada dia, cada momento que estive com os meus pitocos. As vitórias deles eram as nossas vitórias, as suas alegrias, as suas tristezas, os seus medos... nossos, também.

Como irei preencher o espaço enorme que ficará vazio no meu coração? Sem a minha princesa, o meu mais velhinho, o meu gôdo...

A mudança é...

domingo, 10 de janeiro de 2010

É preciso namorar...



Namorar é estar bem com a vida,
sorrir o sorriso da criança…

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Obrigada a todos pelos vossos comentários




Tal com disse no título do post anterior,
ainda não estou em mim.
Tudo tão... que nem sei.





O que eu sei é que ontem, o meu almoço foi uma canjinha de galinha e o meu jantar foi um creme de abóbora, cenoura e batata. Também "roubei" uns palitos de batata frita ao Toni e está tudo bem.

Cada vez mais acredito que tudo depende de nós. Contudo, não sou da opinião que todas as pessoas têm que conseguir fazer exactamente o mesmo caminho. O que importa é a meta. Alcançar a meta. Como foi feito o caminho? Isso o que interessa? Só a meta...

O segredo está em nós. A resposta está em nós. Há que procurar, ir ao nosso íntimo e querer muito.

Se a resposta está numa dieta, numa injecção ou no nosso subconsciente, isso é pouco relevante. Importa encontrar a resposta, seja ela qual for.

[o livro que eu li: O Segredo de Rhonda Byrne]

Um beijo de muito obrigada por tudo... meus queridos amigos: eu adoro-vos e sem vós nada disto teria sido conseguido.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Eu ainda não estou em mim... que maneira de começar o novo ano, a nova década...


Algo se passa, cá dentro, que ainda me custa a acreditar... estou curada. Assim, sem mais nem menos. De um dia para outro.

Sim. É... é isso mesmo.

Como?

Tudo começou há dois anos, com uma simples dieta. Milagre, a minha mãe chamou-lhe. Sim, foi um verdadeiro milagre.

Os meus amigos e familiares insistiam no coitadinha, não podes comer quase nada, eu insistia que antes assim que na cama a delirar com dores.

Agradecia e, ainda agradeço, todos os dias por ter descoberto esta dieta.

Durante dois anos, segui este regime alimentar... gostaria de dizer, religiosamente, mas tenho problemas de gula. E, por isso, de vez enquanto, lá ia eu à cama.

Os últimos meses estavam a ser um pouco preocupantes, pelo menos, para as pessoas que me rodeavam. A minha intolerância alimentar aumentava consideravelmente. A lista de alimentos permitidos diminuía drasticamente. Não sabia o porquê, mas também não me preocupava muito. O que verdadeiramente interessava é que eu estivesse sem dor.

Mais ou menos, há uns três meses atrás, o meu pai encontrou na rua, um livro. Sim... mesmo assim: na rua, no chão. Novo. Via-se que estava por estrear. E trouxe-lo para casa. Olhei para ele. Ah... eu já mandei esse livro a todas as minhas amigas, por e-mail e dizem que é interessante, mas eu nunca o li. Nem sequer peguei nele.

Nas semanas seguintes, entrava no quarto da minha mãe, lá estava o livro. Na sala, na cozinha... e até na casa-de-banho. Mas, eu olhava para ele e mais nada.

Um dia, estou no quarto das miúdas e, enquanto falo com elas, pego no livro. Abro-o à toa. Leio. Mas é isto mesmo... a resposta que eu estava a precisar, neste momento. Nesse dia, estava com um problema que eu não conseguia resolver e, por muito incrível que possa parecer, o livro ajudou-me a resolvê-lo.

Voltei a colocar o livro onde estava. Nunca mais olhei para ele.

Até que umas semanas mais tarde, voltei a dar de caras com ele. Sim, dar de caras é a expressão correcta, uma vez que ele estava na prateleira que eu estava a limpar.

Desta vez, olhei para ele com olhos de ver, diferentes dos olhos que olham. Levei-o para casa. Li-o todo. Desde a primeira até à última página.

Demasiadas perguntas, as que me ficaram na mente. Será?...

E, porque não? Se formos mesmo ver... ora: todos os grãos têm amido. O chocolate é um grão... e não nos faz mal. O arroz, tem um índice de amido altíssimo... e não nos faz mal.

Isto ficou-me na cabeça, dia e noite. Porque é que uns polissacarídeos (aka amido) fazem mal e outros não? Têm todos a mesma estrutura molecular. Pois têm. Mas alguém disse que era assim e eu aceitei. Uma outra coisa... a fruta provoca-me dores incríveis mas toda a gente que eu conheço tolera fruta... mas, no livro de Carol Sinclair, vem um alerta para a fruta: se for colhida antes de estar madura, o processo de conversão de amido para frutose pára.

Nessa mesma semana, bebi uma garrafa de leite com chocolate da Ucal. [Eu adoro leite com chocolate da Ucal]... nada.

Na semana seguinte, um pastel de nata...

Nada. De nada.

Uhm... isto é mesmo muito estranho. Até há duas semanas atrás, nem um comprimido com amido eu tolerava...

[tive que tomar um anti-histamínico por causa da rinite e nem me quero lembrar do que se seguiu....]

No dia de Natal, a mesa estava linda... como está sempre, que eu e a minha mãe adoramos passar a véspera de Natal na cozinha. Uma parte da mesa estava reservada só para mim: miminhos sem amido. Todo o resto da mesa, o normal de uma mesa de Natal: filhoses, rabanadas, sonhos, azevias, coscorões, arroz doce, aletria, bolo-rei... e um magnífico bolo de chocolate. De brigadeiro, para ser mais concreta.

Era manhã... a Ana estava sentada ao meu lado. Cortou uma fatia. Roubei-lhe a fatia e comi-a. Soube-me tão bem... todos olhavam para mim com aquela cara de coitadinha, nós entendemos-te mas e agora, como vai ser o resto da semana?

Foi bem, muito obrigada, mas não era necessário tanta preocupação.

Na noite de fim-de-ano, comi dois [dos famosos] pastéis de bacalhau da minha mãe. E chorei. Sim, os pastéis estavam mesmo bons de comer e chorar por mais, mas não foi por isso que me vieram as lágrimas aos olhos. Foi pela constatação de tudo estava bem.

Agora. Sim. Tudo bem.

O pão voltou ao meu pequeno-almoço, tal como o leite. Não, não estou a abusar. Continuo com a minha dieta, até porque eu continuo a achar que este regime alimentar é o grande e derradeiro passo para o tratamento desta e de outras doenças. Só estou a introduzir alguns alimentos porque... sei lá!

Porque quero. Porque, como eu disse acima, sofro de gula. E porque preciso de voltar a sentir-me uma pessoa normal. E porque todas as pessoas que me rodeiam estão felicíssimas pela minha cura e gostam de me ver a comer com elas, novamente.

E porque eu estou curada.

E porque eu mereço.

sábado, 2 de janeiro de 2010

O meu ex-noivo [que me abandonou muito antes de chegarmos ao altar] está de parabéns...

[Que idade teríamos? Uns quatro, cinco anos? Que saudades daqueles tempos em que a nossa única preocupação era brincar de manhã até à noite...]

Parabéns, meu querido amigo... este ano, a tua prenda é mesmo muito especial. Ainda demora uns meses a chegar... mas quando chegar: que presente magnífico... tanta felicidade. E é isso mesmo o que eu te desejo.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Receita do Ano Novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de Janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade
 
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