Aqui está a minha vida...

... esta areia tão clara com desenhos de andar dedicados ao vento.

Cecília Meiréles

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Am I an E.T.?

Eu devo ser a única pessoa do universo e arredores que acha que férias são sinónimo de boring... amanhã vou trabalhar. Estou farta de estar em casa e não me apetece aproveitar esse sol lindo que está lá fora.

[tou bonita, tou...]

ps. é que o meu Toni está a trabalhar... férias, assim, não têm graça... não têm mesmo.

Juro que um dia destes...




...perco a cabeça e como uma embalagem inteira de bombocas!




[e é que como mesmo... e que se lixem as dores: é para isso que servem os analgésicos e os anti-inflamatórios. pronto. já disse. está mesmo decidido. agora quando é que não sei. porque é preciso muita coragem para o fazer. porque quando dói... dói mesmo muito. porra.]

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Feliz aniversário Papi e Mami!


Hoje interrompi as minhas mini-férias para ir tomar conta dos meus pitocos. Os meus pais fazem 37 anos de casados e num dia destes não se pode trabalhar. Declarei feriado para a minha mãe e lá foram eles todos pimpolhos passear.

- Sabes muito bem que não gosto almoçar fora...

Sim, mãe... mas vai lá com o pai que ele quer fazer-te uma surpresa (uupss... acabei de estragar a dita.)

Trinta e sete anos de casamento. É motivo de comemoração em grande. Penso que da minha geração em diante, poucos de nós chegaremos sequer a comemorar as bodas de prata, quanto mais 37 anos...

Parabéns e um beijinho grande desta filha que vos adora...

terça-feira, 28 de julho de 2009

Hoje fiz o que o HB me pediu...









...e fez-me muito bem.







Ele disse-me para sair de casa... e saí. Com o meu paizão que eu adoro e que queria muito andar no comboio que passa por todas as praias da Costa da Caparica. Foi giro. E foi tão bom ver o meu pai feliz como uma criança a quem se fez o que ela tanto queria.
Passei mais uma noite acordada. O Toni também. Creio que consegui contagiar-lo com a minha insónia [perdoas-me?]. Adormecemos por volta das 4 horas e acordamos às 6. Podres, claro. Ele foi trabalhar... e eu decidi - a muito custo - continuar com os meus planos.

Ficar em casa só iria piorar a situação. A minha depressão estava insuportável e o cansaço não me dava tréguas. Só me apetecia encher-me de comprimidos e dormir... para o resto da vida.

Vesti-me e lá fui com o papi para a Costa.






Chegamos lá e apanhamos o tal comboio...







Estava um frio de rachar e eu com uma camisolinha de alças. Congelei, com é óbvio. Mas, sempre que olhava para o meu pai, com um sorriso tolo e olhinhos a brilhar, sentia-me tão feliz que depressa esquecia que estava com frio. Porque o vento, na Costa, é sempre gelado.

Vinte paragens depois, Fonte da Telha. Praia simpática, bandeira verde (vá lá... está sempre vermelha). Muitas crianças - lindas, diga-se de passagem. Muita brincadeira. Correrias. Risos.

Tirámos fotografias, tentámos ir à água (fria, muuuiito fria, como é costume, unff...), falámos de tudo e de nada...

Entretanto, o meu pai foi dar a volta do costume. Fiquei uma hora sozinha. Com o mar. Com o sol. Com a brisa fresquinha envolvida em maresia.... E com a velhota simpática que estava atrás de mim. E os miúdos ali ao lado...

- Ó mãe olha ele...

- Deixa a tua prima em paz...

- Foi ela!

-Sara! Não te metas com o teu primo, faz favor.

O sol estava quente. Tentei, mais uma vez, entrar na água (estou a precisar tanto de nadar...). Fria? Não!!! Com-ple-ta-men-te-ge-la-da!

O meu pai chegou e resolvemos que estava na hora de ir embora.

O comboio ía cheio. Um grupo enorme de senhoras e senhores de Carnide. Muito alegres, diga-se.E cantaram, bateram palmas, meteram-se com todas as pessoas que viam: inclusivé os nudistas. Sim. Nudistas. As senhoras, principalmente! Coitados... eles, bem se escondiam atrás dos arbustos... não lhes valeu de nada (eu até tirei fotos, eh, eh...).





O meu pai - como um menino solto na Disneylandia - cantava, ria alto, batia palmas, acenava a todos... que bom vê-lo assim, tão feliz (fez-me tão bem...).








Fomos almoçar ao Panças. Comi como uma alarve. Costeleta de novilho grelhada. Enorme. Comi um terço, se tanto. Sobrou. Trouxe para casa (como é tradição daquele restaurante).

O meu pai deixou-me em casa. Feliz da vida. Eu estava cansada. Mas um cansaço bom...

Tomei um banho, exibi-me ao espelho: estou com uma corzinha!!! Há anos que o sol não tocava a minha pele! Fui-me deitar... e dormi.

Acordei. Sentia-me bem. Como há muito não me sentia.

Obrigada, pai...

[Obrigada HB.]

Blog da Semana


Descobri este blog há muito pouco tempo com o post: Viver sem Coração. Post que me deixou de tal forma angustiada que só consegui parar de chorar algum tempo depois. Eu não tenho filhos... mas, eu não consigo nem pensar o que seria se tal me acontecesse.

Mulher, trabalhadora e mãe, Mente Quase Perigosa partilha connosco o seu dia-a-dia, tal como ele foi: emocionante, alegre, cansativo, aborrecido, divertido... e, a maneira como descreve tudo isso, consegue que sintamos tudo o que ela sentiu, da mesma forma.

A visitar...

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Cadeia de Palavras [ C ]

Caminhando, Cardoso canta cantilena confusa...
Cansado, camponês cambaleia com câimbras.
Chama, carinhosamente, Companheiro.
Célere, collie castanho claro com cauda cortada corre.


- Come, cãozinho, come...

domingo, 26 de julho de 2009

Hoje faz 2 anos que nos conhecemos...




- Venha até a borda, ele disse.

- Tenho medo.

- Venha até a borda, ele insistiu.

Ela foi, Ele a empurrou...

e eles voaram.


Guillaume Apollinaire



#imagem de Katrina

sábado, 25 de julho de 2009

Um Ser o Outro...


Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.

Clarice Lispector

A minha saudade é assim... tenho-te a meu lado, mas não me é suficiente...

[amanhã é um dia especial para nós...]

#fotografia de Silvia

Vagueando pelas ruas #2

Rua Leitão de Barros
São Domingos de Benfica

Estou de...


Ah... pois é!

É só uma semanita... mas estes dias vão me saber a crepe de frutos silvestres com chantily e gelado de nata!!!

sexta-feira, 24 de julho de 2009

A Letter for My Baby Brother

Este noite sonhei contigo. Aliás, eu sonho contigo todas as noites.

Umas vezes, és meramente um figurante: passas pelo cenário e sais do meu sonho; por vezes, fazes parte da cena, como personagem secundária e olhas para mim (olhar frio, recriminatório... por vezes, triste); outras vezes, como esta noite, és actor principal.

Sempre que interagimos, o sonho torna-se pesado. Difícil de sonhar. O teu olhar, as tuas palavras, os teus actos. Tudo em ti é repulsa, desprezo por mim. E eu, como sempre, imploro-te o carinho, o amor que sempre existiu entre nós.

Acordo. Apreensiva. Confusa... foi um sonho. Sim... somente um sonho. Fico triste. Tristeza que me envolve, que envolve o meu dia. Em ti. Fico a pensar em ti durante as horas que se seguem. Horas, também elas tristes...

Do meu sonho de hoje, só me recordo do fim. Imagens tão claras, tão dolorosamente reais.

Estás tu e o teu pai. Eu e o meu pai. Vocês estão de partida, despeço-me do teu pai e dirijo-me a ti. Desvias-te. Viras-te e segues o teu caminho. Eu corro, abraço-te. Imploro que me ouças. Digo que te amo. Choro agarrada a ti. Por favor, eu preciso que voltemos a ser aqueles meninos que brincavam felizes por se terem um ao outro... eu preciso de ti, não sei viver sem ti... olha para mim, não desvies o olhar, olha... Olho-te nos olhos mas não és tu. Desapareceste do cenário da mesma forma como apareceste. Na neblina. Porque é(s) somente um sonho.

[tu, na minha vida, tornaste-te em névoa. perto de mim porque vives no meu coração. intocável, porque estás longe... tão longe.]

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Faltam 31 horas...

...para as minhas férias.

Sim, já conto as horas... devo parecer desesperada. E estou. Completamente. O meu corpo e a minha mente já estão em "modo automático" há muito. Ando a arrastar-me pelos dias, pela vida. Estou exausta.

[E estou... uma verdadeira chata. Já nem eu me aguento.]

Preciso de parar...

[o que eu quero mesmo é ficar completamente sozinha, não ter que fazer nada, poder estar em silêncio... só. eu. completamente só.]

Olho o relógio: faltam 30 horas e 40 minutos... para as minhas férias... está quase...

Finding Neverland...

Este ano eu não vou poder recarregar as minhas energias nas tuas águas... sinto falta das tuas cores, dos teus cheiros, dos teus sons...

Sinto-me tão cansada. Só tu me dás alento, quando estou assim. Devolves-me a alegria, a força... fazes-me sorrir. Preciso tanto de sorrir...

Faz-me falta respirar fundo os teus ares... e de beber a tua água. Fresca. Tão fresca.

Terra do Nunca... minha terra, onde eu não cresci nem irei crescer. Onde eu continuo criança, onde eu terei sempre 6 anos.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Lá comer, comia-te...


A Leonor tem destas coisas. Adora deixar-nos de água na boca. Receitas que não lembram a ninguém. E as fotografias? Lindas!

É só seguir as instruções...

[eu fico-me pela água na boca... mas antes isso que uma crise chata!]

E... se ainda não estiverem completamente convencidos, cliquem na imagem para ampliar.

(delírio! acho que vou ter pesadelos, esta noite)

Quote of The Day

terça-feira, 21 de julho de 2009

Pastel de nata... e a gripe.

Tenho um miúdo marrento a comer um pastel de nata (que cheira a ai-meu-Deus-que-me-dá-uma-coisinha-muito-feia) sentado mesmo ao meu lado, com o maldito do pastel a deambular em frente dos meus olhos e do meu nariz, a dizer-me: está-muito-bom-eu-gosto-muito-e-tu-também-mas-tu-não-podes-comer-porque-tens-dói-dói-nas-costas-mas-gostas-não-gostas-cheira-lá-cheira-bem-não-cheira?

AHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Estou com a gripe: não é a gripe das aves, nem dos porcos. Estou com a pior gripe de todas, a Gripe dos Elefantes:

Estou de TROMBAS!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

João #2

- Oh mãe, o João vai comer a Tata!

- Não te preocupes... só está a brincar com ela.
- Pois, não me parece...

- Deixa lá o cão em paz...

- Não achas que ele está a insistir muito nas patas dela?

- Só está a dar-lhe beijinhos, que chata!

- Chata, pois... eu cá continuo na minha.
- Bem... não me parece que seja só brincadeira...

- unfff... oh Susana, deixa-me em paz. Já te disse que ele só quer brincar com a tartaruga!

- João!!! Apanhado em flagrante... com a boca na pata de Tata! Mãe: olha os dentes! Brincar... pois...

- Ah... o safado! Oh, coitadinha, anda, vamos para o aquário...

E, para os que ainda acreditarem que o João só queria brincar e dar beijinhos, aqui fica:

domingo, 19 de julho de 2009

Blog da Semana



Até de repente...





Repleto de sentimento. Páscoa pinta cada palavra com a mesma essência com que pinta os seus quadros. Sente-se a emoção em cada linha que lemos.

Convida-nos à reflexão. Faz-nos rir... por vezes, choramos (às vezes, também precisamos chorar... faz bem à alma, ao coração).

A visitar Até de repente... todos os dias.

From My Bedroom Window

Flamingo

O pescoço dobrou-se sobreo
corpo róseo

uma pata encolhida descansa noutra
transformada em estaca


o flamingo adormece em si o horizonte
como flor espetada no pântano

Júlio Carrilho

[a fotografia foi tirada da janela do meu quarto]

sábado, 18 de julho de 2009

Gente da minha terra #1

Gente de Venda Nova

sexta-feira, 17 de julho de 2009

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Estou,simplesmente, tão farta das pessoas...

...que-mais-me-apetece-esmagar-lhes-o-crânio-com-uma-pedra.

Principalmente, certas pessoas pedantes que existem só para nos fazerem perder a cabeça e que conseguem por-nos a chorar num dia em que estou a bradar aos céus com dores que não lembram a ninguém e fazer de tudo para não andar a chorar pelos cantos, para não chatear quem me rodeia com os meus problemas.

E aqui estou eu a chorar... por causa da estúpida-da-mulher-que-raios-a-partam-não-faz-outra-coisa-senão-lixar-a-cabeça-a-quem-só-quer-tentar-viver-a-porcaria-da-vida!

[só não lhe rogo uma crise de ea igual à que eu estou a ter agora porque e só porque, a praga é-me devolvida três vezes mais forte]

Este blog está doente... [ parte II ]

Estive a tratar dos almoços dos meus bebés. A manga estava tão (mas tão, tão, tããõoo) madurinha e cheirava tão bem... não resisti. Meti o caroço na boca. Que bommm...

Se já estou como estou, quero ver logo, quero...

Estúpida elevada ao cubo :|

Este blog está doente...

Ontem. Melancia. Teste do amido positivo. Gula vence. Duas fatias ENORMES de melancia. Klebsiella Pneumoniae faz festa. EA ataca... dói muito... muito... tanto. Estúpida.

Bem feita :|

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Gosto...



dos venenos os mais lentos










das bebidas as mais fortes








dos cafés os mais amargos








dos delírios os mais loucos







Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:

E daí?


eu adoro voar!!!

Clarice Lispector

Vagueando pelas ruas #1

Rua Padre Francisco Álvares
São Domingos de Benfica

terça-feira, 14 de julho de 2009

Baby Steps...

segunda-feira, 13 de julho de 2009

domingo, 12 de julho de 2009

Sou areia fina...

areia. fina. escorre pelo crivo dos meus dedos...

momento de

l
u
c
i
d
e
z

esvai-se.

não sei. não sinto. não quero.

d
e
m
ê
n
c
i
a

d
e
c
a
d
ê
n
c
i
a
overdose de mim.

sábado, 11 de julho de 2009

From My Bedroom Window


A Girafa

um pouco
de tudo
e do nada.

girassol com sardas.

caracol distraído.

tijolo sobre tijolo
- as pintas do corpo -
ergue-se a girafa

f
r
á
g
i
l

edifício

Sérgio de Castro Pinto

[a fotografia foi tirada da janela do meu quarto]

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Desempregados executivos VS todos os outros...


Ontem, numa reportagem da SIC, falava-se de desemprego. Este desemprego, porém, era um desemprego diferente.

Parece que o único denominador comum entre os ex-executivos e/ou ex-quadros de empresa e os outros desempregados é o facto de terem de se dirigir aos centros de emprego. Tudo o resto que se segue é diferente.

Fiquei a saber que os primeiros, quando despedidos, têm toda uma máquina que os auxilia em vários aspectos, de modo a que este novo estatuto não se prolongue por muito tempo e, acima de tudo, para que a sua auto-estima não seja afectada. Após o despedimento, estes desempregados são encaminhados para uma empresa que os ajuda na requalificação de competências entre outras coisas.

A Universidade Nova de Lisboa também contribui com formação gratuita e tem como objectivo desenvolver o potencial em gestão. Além do curso ser gratuito, estes formandos têm acesso gratuito à formação, materiais, refeições e certificado.

Um dos responsáveis por este projecto, com um sorriso nos lábios e de olhos a brilhar, dizia que estes formandos "são pessoas de qualidade que estão com professores de qualidade numa universidade de qualidade". O seu sonho, segundo suas palavras, era que estes homens e mulheres conseguissem retomar em breve a sua vida de executivos ou que conseguissem ter o seu próprio negócio..."e que daqui a algum tempo dissessem que foi naquele verão chuvoso que mudaram as suas vidas".

"Este país é só líricos"... resmungou o Toni. Sim, acenei com a cabeça.

Há muitos anos atrás - era eu uma criança - o canal 1 (único, na altura) passou, por várias vezes, um filme animado titulado "O Triunfo dos Porcos". Lembro-me que a minha irmã ainda não existia, eu tinha que ter menos de 10 anos. Aquele filme era muito triste: uns porcos maus comiam muito enquanto os outros animais morriam de fome. E, o pior, é que no fim matavam aquele cavalo velhinho, coitadinho.

Eu era demasiado jovem e inocente para compreender a mensagem de George Orwell. Contudo, nunca esqueci aquela frase (apesar de não compreender o seu significado) que os porcos repetiam constantemente.

Essa frase está cada vez mais presente na sociedade de hoje. O que eu não sabia era que, até no desemprego "todos os animais são iguais, mas uns são mais iguais que os outros"...

Um aparte: eu não estou, de modo algum, contra estas iniciativas. O que me revolta é que não seja para todos...

Já alguém provou..






... os novos chocolates Milka?





Que bom para vocês :\

quinta-feira, 9 de julho de 2009

E se me achar esquisita...




...respeite também.
até eu fui obrigada a me respeitar.

Clarice Lispector




(c) vanesbonheur

quarta-feira, 8 de julho de 2009

É apenas um sonho bonito...


As palavras que eu escrevi à Matilde suscitaram comentários, e-mails, sms e até telefonemas. Não, eu não estou grávida. Apenas me apeteceu escrever o que tinha cá dentro.

Há algum tempo, escrevi no meu outro blog sobre este assunto. Hoje resolvi recuperar esse post:

Hoje chamaram-me mãe
e eu chorei.

Quando fui diagnosticada - depois de muita investigação e de uma longa conversa com o meu médico (de MTC) - tomei uma difícil decisão: não iria ter filhos.
Não foi de ânimo leve. Desde criança que sonho com o dia em que o teste de gravidez se iria tornar rosa.

A minha mãe engravidou, tinha eu 10 anos. A minha tia mais nova, a Cila, vivia connosco. Lembro-me bem do dia em que eu soube que iria ter uma irmãzinha: entrei no quarto dos meus pais e vi a minha mãe a chorar, toda contente. O meu pai olha para mim, com cara de "futuro pai babado pela segunda vez" e diz: "Vais ter um mano ou uma mana...". Eu corri para o quintal, meti-me na casa-da-costura e chorei. Estava tão contente... foi, sem dúvida alguma, o dia mais feliz da minha vida.


Desde então, eu e a minha tia Cila, líamos tudo o que apanhávamos sobre gravidez, bebés... como se faziam os bebés (às escondidas da minha mãe, claro), como o bebé se formava na barriga da mãe, como ele nascia... Ao longo da minha adolescência fui planeando a minha gravidez.

Quando chegou a altura certa, comecei a planear o parto (eu gosto muito de planos...). Iria ter a minha Laura ou Matilde - ainda não me tinha decidido - em casa, com a ajuda de uma Dola.
Um pouco antes de engravidar, fiquei doente.

Quando fui, finalmente, diagnosticada, foi o choque de saber que a doença tinha uma forte componente hereditária. Sentei-me com o Dr. Artur - o meu médico - e falei-lhe da minha decisão. Ele foi o primeiro a saber. Falámos muito, nesse dia. O Dr. Artur sempre soube que o meu sonho era ser mãe. Mas apoiou a minha decisão. Para nós estava claro que existia uma grande probabilidade do bebé nascer com a doença. O "meu filho ou filha... ter as mesmas dores que eu tenho?" - e acenei a cabeça. Disse que não. Eu não iria ser egoísta a esse ponto, simplesmente, não iria.

Além disso, eu estava muito afectada, tanto física como psicologicamente. Já andava de canadianas, havia alturas em que tinha que ser a minha mãe a dar-me de comer à boca... como poderia eu ter um filho, assim?
Chorei muito. Não podia ver uma criança a brincar, uma mulher grávida, uma ecografia... começava a chorar. Porque doía. Tanto que não sei explicar.

No ano passado, tudo na minha vida mudou, graças à dieta sem amido. Logo que comecei a melhorar, decidi voltar ao trabalho. Não voltei a exercer a minha profissão porque fui ajudar a minha mãe. Ela estava um pouco debilitada e precisava de ajuda para tomar conta dos bebés dela - ela é ama.


Os primeiros meses foram uma autêntica tortura. No mesmo mês em que eu comecei a trabalhar com a minha mãe, entraram dois bebés de 4 e 5 meses. Tão pequeninos, tão frágeis... tão lindos... A menina chamava-se Clara. Linda, a minha princesinha...

Muitas vezes, eu pegava nela e ali ficava. Não conseguia evitar, as lágrimas escorriam-me pela face. Poderia ser a minha Matilde (ou Laura)... pensava, para mim. A minha mãe apercebeu-se que eu não estava a lidar muito bem com a situação e, sempre que se apercebia que eu estava triste, vinha para ao pé de mim, pegava na Clarinha e conversava comigo. Ela sempre apoiou a minha decisão. Compreendeu, disse-me que seria a sua decisão, também.

Aos poucos, a mágoa e a dor foram passando. Não vou dizer que já está tudo bem. Que já não dói. Mas, como com tudo na vida, aprendi a aceitar.


Mas... hoje, estávamos todos a brincar - num reboliço incrível - e a Clara (agora com 30 meses) olhou para mim e chamou-me Mãe. E eu chorei...

terça-feira, 7 de julho de 2009

Quote of The Day


A História da Fotografia [3]

Aqui estou mais uma vez a fugir... será que isto alguma vez irá ter um fim? Espero que ele não me encontre aqui. Será que ele me seguiu? Para onde é que eu vou agora? Para longe... o mais longe possível daqueles ataques repentinos dele... como é que ele pode dizer aquelas coisas... e escolhe sempre as palavras certas, aquelas que ele sabe que vão magoar. Isto tem que acabar. Já chega.

exercício: contar a história de uma fotografia

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Este post vai ser mesmo chato... (considerem-se avisados).




Em resposta ao comentário da Ritinha (como prometi) e dando continuação ao post anterior.



Durante mais de vinte anos, todos os meus verões eram passados na terra dos meus pais. Eu tenho um tio-avô que, todos os anos me vinha com a mesma conversa:

"Vais estudar muito para seres doutora advogada, vens viver para aqui e vais ser muito rica!"

Mas o que eu queria mesmo era ajudar as pessoas. Por isso, estudei muito mas não foi para ser "doutora advogada" como era sonho do meu querido tio-avô J. E também não fui viver para Cheires. Ora, a conjugação destes dois factores (não ser "doutora advogada" nem viver na terrinha) levaram ao que eu sou hoje (felizmente, muito feliz, apesar de hoje estar com maus - muito maus mesmo - fígados).

Quanto à minha oportunidade de ser rica deixei-a para o sr. doutor advogado lá da zona.

O Toni diz que os advogados são e passo a citar: "burros com boa memória".

(atenção: a citação é do meu Toni, não é minha, pelo que se a carapuça servir a alguém, não me chateiem)

Bem... não parece que sejam totalmente burros. Principalmente, os que decidiram ir exercer a dita profissão lá na terrinha. E, mesmo que seja burro... é um burro rico.

Senão, vejamos: todas as vezes que ligo para o escritório ou consultório ou seja lá o que aquilo for, "o Sr. Dr. está muito ocupado, tem três processos para terminar hoje" e amanhã? "Tem outros dois..." então em que dia? "esta semana vai ser muito complicado, blá, blá, blá".

(se o senhor doutor advogado for tão caro como consta... assim, numa estimativa por baixo... bem: burro não é com certeza ou se for é como disse acima: é um burro com muuiitos euros - que lhe façam bom proveito)

Eu sempre prometi a mim mesma que jamais me iria meter com semelhantes personagens. Infelizmente, os meus avós maternos faleceram e deixaram bens. Pois... partilhas!!! Que bom!!!

Resumo da história:

A irmã A confia na irmã B. A irmã B põe terras da irmã A em seu nome. A Irmã A descobre e pergunta ao advogado da família como pôde. Advogado diz que não tinha motivos para desconfiar da irmã B e por isso tratou de de tudo sem ter perguntado à irmã A. Irmã A pede a advogado para voltar a pôr tudo como estava ao que advogado responde que é quase impossível: demasiado moroso, demasiado dispendioso... "não contando com o pagamento dos meus honorários"(citando o Sr. Dr., numa conversa telefónica comigo). Irmã A aceita acordo injusto porque não tem outra alternativa. Acordo: Irmã B paga em 5 anos - com o dinheiro que as terras da irmã A produzem - um valor irrisório, vergonhoso para quem o vai pagar... necessário para quem o vai receber.

Ontem voltei a ligar para o Sr. Dr. Advogado... o de sempre: "muito ocupado, processos para fechar, blá, blá, blá"... É que não nos disseram mais nada e, como deve calcular, precisamos de saber como é que é... "Ah, porque a Casa do Douro ainda não pagou porque precisa de não sei quê... mas a sua mãe que não se preocupe que está tudo a ser arranjado!"

Estará? Pois, não sei... de drs. advogados, eu espero quase tudo.

O que eu sei é que o meu tio-avô sabia-la toda e eu não lhe dei ouvidos.

[se eu tivesse seguido os conselhos do meu tio-avô, eu como doutora advogada teria estado de Olho Bem Aberto em tudo e ninguém teria roubado ninguém... e a minha mãe não teria tido o desgosto da vida dela por causa da irmã e o meu pai não estaria a sofrer pela atitude do irmão]

ps. que #$%& de família...

#The Day After de Eduard Munch

Vais estudar muito para seres doutora advogada...

...vens viver para aqui e vais ser muito rica!"

Mas porque é que eu não dei ouvidos ao meu tio-avô?!

Porra!

Se eu não fosse uma menina muuuiiito bem educada...





...diria: WTF???





Enfermeiros e médicos deste país: mas vocês estão todos doidos??? (esta última frase leia-se sublinhada)

O meu pequeno de 4 anos e meio acabou de chegar e, numa euforia típica dele sempre que faz uma grande habilidade, atropelando tudo que é palavra diz-me que não usou fralda nem hoje, nem ontem, nem na sexta.

Quê??? A mãe M. conta-me que o filho já não usa fralda para dormir há três noites... "Desculpa, o quê? Há mais de um ano que o menino não usa fralda, nem para dormir... que conversa é essa???" (mas será que a privação de sono está a alterar assim tanto a minha capacidade de raciocínio ou foi mesmo isso que eu ouvi?)

"Ah, bem... lá em casa ele ainda usa fralda para dormir porque a enfermeira disse que era para continuar a usar fralda. Eu disse-lhe que o menino já não precisava mas ela insistiu porque sim, para ele dormir sem preocupações e não sei o quê. Eu voltei a dizer-lhe que na ama ele já não usa fralda há mais de um ano e ela virou-se para mim, toda arrogante e disse que se eu queria ter máquinas e máquinas de roupa para lavar que, então, tirasse as fraldas ao menino".

Eu sei que o meu fígado, porque blá, blá, blá raiva, está muito alterado, por isso, mesmo sendo uma menina muuuiito bem-educadinha, eu não consigo conter-me (desculpa mãe, eu sei que não foi esta a educação que me deste), então lá vai: WTF???

[Já não chega os médicos terem acordos com as farmacêuticas - e mais recentemente descobri que também fizeram um acordo com a empresa que fabrica a Bolacha Maria - agora são os enfermeiros que têm acordos com a indústria das fraldas e das toalhitas???]

... acho que preciso de um xanax, por favor...

(ou isso, ou um sofá do psicólogo porque eu estou, nitidamente, a enlouquecer com tanta estupidez gratuita!)

No fim de tudo, dormir.*

Clarice Lispector diz que "perder-se também é caminho". Eu posso dizer que estou num caminho, se certo ou não, não me perguntem que eu não sei a resposta. O que sei é que há muito tempo que não me sentia, assim, tão perdida.

Hoje não adormeci tarde nem não acordei cedo. Simplesmente, não dormi.

Quando eu digo "esta noite, não dormi" não quero com isso dizer que dormi mal ou que estava sempre a acordar nem tão pouco que tive muitos pesadelos ou que foi uma noite muito inquieta. Não. Quando eu digo "esta noite, não dormi", quero dizer isso mesmo: não dormi, não cheguei sequer a fechar os olhos. Limitei-me a ficar 6 (ou seriam 7) horas a olhar para o tecto vazio da sala (hoje dormi, digo, passei a noite no sofá) a contar - não, não foram carneirinhos - as badaladas do relógio de sala da vizinha do lado (relógio horrivel, igual àquele que - apesar de avariado - ainda está na sala da dos meus pais, vá-se lá saber porquê).

O problema arrasta-se há muito: não dormi hoje, nem ontem... ou em qualquer noite da semana anterior. O pior é que a privação de sono afecta-me a todos os níveis. Não consigo racicionar, não consigo agir. E fico de mau feitio. Isto porque o meu fígado fica alterado e, como o fígado blá, blá, blá raiva, eu fico insuportável.

Não tenho paciência para nada. O meu senso de humor desaparece e eu encarno o elefante meu vizinho: ponho uma tromba no lugar da minha cara.

Se eu pedir muito, muito... mas mesmo muuiito... que não olhem para mim, que não me dirijam a palavra, que sequer se lembrem que eu existo... será que me fazem esse favor???

Pleeeaaase?....

Obrigada.

* Álvaro de Campos

domingo, 5 de julho de 2009

sábado, 4 de julho de 2009

Um pequeno almoço-diferente...
























...com os Crocodilos do Nilo.

Hoje decidimos ir tomar o pequeno almoço no Parque de Diversões do Jardim Zoológico.

Descobrimos estes Crocodilos do Nilo. Eu nunca tinha estado tão perto destes répteis. São excepcionais (eu tenho um fraquinho por répteis)...

Quando me sentei perto deles, confesso, o meu corpo parecia gritar: estás doida? Eu sei que uma autêntica parvoíce mas eu sentia o meu corpo numa espécie de alerta interno que não sei explicar. Até porque eu já estive com Jibóias bem grandes e nunca tive medo...

E não é que eu convenci o Toni a pousar para a câmara?

Foi, sem dúvida, um pequeno-almoço diferente!
 
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