Aqui está a minha vida...

... esta areia tão clara com desenhos de andar dedicados ao vento.

Cecília Meiréles

sábado, 7 de março de 2009

Hoje é um Novo Dia...


Imagem de Deivson Sousa

Hoje o dia acordou cinzento… o céu é triste e chora. O vento soluça um vendaval de lamentos, pede colo… sente-se só.

Eu também já estive assim.

Mergulhada num revolto de sentimentos amargurados, deixei-me perder num mar confuso, de ondas perdidas que se embatiam sem compreenderem a causa de tanta desorientação.

Sem mais forças para lutar contra essas ondas, desisti e deixei-me levar pela ira do mar. Depressa cheguei ao fundo.

Sombrio, gélido, abandonado… o fundo do mar é assim. Para mim, estava bem assim. Alias, melhor… não poderia ser.

Ali inventei a paz que tanto almejava. Ali forjei a minha vida e criei a minha história. Era uma história simples: estava só e queria continuar só…

Vazia de sentimentos e, por tal, vazia de emoções. Corpo frio na noite, despido de mim.
Vivia ao sabor das pequenas oscilações de água – poucas, porque no fundo do mar, o movimento é quieto.

O silêncio… como me deleitava o silêncio. Adormecia-me com a sua voz tranquila, sossegada: voz emudecida. E eu dormia sonhos despojados de cores, tal como o fundo do mar.

E, assim esvoaçava a existência por mim.

Mas, eis que de repente tudo muda.

Um turbilhão fez-me voltar à superfície? Não… não foi nenhuma agitação que me acordou do meu sono adormecido. Mas, também não sei como foi.

Só sei que, sem me aperceber, o meu corpo flutuava nas ondas calmas de um mar outrora tumultuoso. O Sol brilhava como se sorrindo para mim, chamando-me para a vida.

Assustada, lutei para voltar para o meu refúgio… lá sentia-me tão segura. Eu precisava voltar.

Mas as ondas do mar continuavam a sua doce dança, num bailado suave que me acalmava… o vento sussurrava-me ao ouvido delicadas melodias, notas de música que me faziam recordar devagarinho aquele sorriso quente que o Sol me concedeu.

Sim… o Sol brilhava grande, nesse dia. Deixei-me vaguear sobre aquele leito de água cálida. Abandonei-me ao calor do Sol e entreguei-me ao seu Amor.

Agora, sinto que dentro de mim, tudo o que era pequenino, ficou grande. A gota de vida transformou-se num oceano de águas límpidas e serenas. Um débil sopro de vida, tornou-se num tornado de felicidade.

A ausência, ausente de mim mesma.

A solidão escondeu-se e o tempo interrompido da minha vida, transfigurou-se inteiramente em Tempo de Vida!

O arco-íris devolveu-me as cores aos meus olhos…

Agora… posso dizer que sou feliz. O Sol continua a aquecer-me a pele, sorrindo para mim. Diz-me que já não preciso de ter medo.

Que tudo vai ficar bem.

Que tudo está bem.
 
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